Em Curitiba, a patrulha da Guarda Municipal conta com 180 câmeras espalhadas pela cidade. A equipe do Centro de Operações de Defesa Social (Cods) se reveza em turnos, sempre com um mínimo de quatro pessoas de olho nas imagens. A guarda ainda conta com a parceria da Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) e da Urbs, que monitoram câmeras relativas ao trânsito e transporte público, respectivamente, e operam na mesma sala que o Cods, no Centro de Controle Operacional (CCO).
Várias cidades, no Brasil e no mundo, investiram em sistemas de monitoramento como uma arma no combate ao crime, nos últimos anos. Mas sua função é polêmica entre os especialistas da área. Para o sociólogo Sergio Adorno, do Núcleo de Estudos da Violência da USP, há um “mito” de que a câmera resolve o problema sozinha, ao inibir crimes. Pesquisas mostram alguma eficácia das câmeras em prevenir crimes contra o patrimônio, mas não há nada que indica sucesso em relação a crimes violentos, alerta a diretora-executiva do Instituto Igarapé, Ilona Szabó.
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O que Curitiba tem a aprender sobre ser uma cidade segura
Um dos desafios para o monitoramento é o acompanhamento em tempo real. Só em Curitiba, há uma média de 45 câmeras por guarda de plantão. No Rio de Janeiro, há mais de três mil equipamentos, entre públicos e privados, segundo dados do Instituto Igarapé. A tendência é de que as cidades invistam tecnologia para automatizar este trabalho.
Em Boston, uma companhia privada criou um sistema chamado AISIght, instalado depois dos ataques à maratona, em 2013. A máquina teria capacidade de aprender o que é normal para uma área e alertar sobre “atividades suspeitas” às autoridades competentes, revelou a empresa Behavioral Recognition System Labs ao site de tecnologia Tech Insider. Já a prefeitura de Osaka, no Japão, instalou câmeras que detectam a presença de pessoas alcoolizadas na estação de metrô. Explica-se: dados do governo, revelados pelo Wall Street Journal , indicam que 60% das pessoas atropeladas por trens japoneses estavam bêbadas no momento da colisão.
“A la Minority Report”
Em Berlim, um projeto experimental quer catalogar situações de perigo e criar um sistema automático de alerta, integrado às câmeras do metrô. Os parâmetros foram definidos com o apoio de psicólogos. A ideia é ter padrões de comportamento violentos que possam ser detectados por um computador, como agressões e bagagens largadas ao relento (com possíveis bombas). Uma vantagem do sistema seria fazer com que as decisões sobre quem é suspeito ou não fossem tomadas a partir de ações e não preconceitos.
Para Sergio Adorno, a captura de imagens também pode ser um apoio às investigações policiais. O que pode gerar segurança a médio e longo prazo: a polícia torna-se mais eficiente em resolver crimes e, assim, aumenta a confiança da população na instituição. O que aumenta a sensação de segurança, por tabela.
O inspetor Sicarlos Sampaio, responsável pelo Cods, em Curitiba, explica que diversas delegacias da Polícia Civil recorrem à Guarda Municipal para solicitar gravações, que podem ajudar em investigações policiais. O setor tem por rotina manter as imagens por 30 dias no servidor. “E lógico que quando a gente identifica algo de maior relevância, copia as imagens para utilizar posteriormente”, explica o inspetor.
O que outras cidades têm a ensinar a Curitiba
Detentora de vários prêmios e sempre presente nas primeiras posições entre as cidades do Brasil e da América Latina não é fácil encontrar áreas em que Curitiba não tenha evoluído ou mesmo não seja referência. Nessas Eleições 2016, Futuro das Cidades se propôs a encontrar essas áreas e trazer boas ideias que deram certo lá fora e podem funcionar por aqui também. Esta é a quarta reportagem nesse sentido. A primeira tratou sobre o que Curitiba tem a aprender sobre rios mais limpos. A segunda, sobre a falta de mapeamentos dos imóveis desocupados. Na última semana, falamos sobre o porquê de Curitiba ainda não ter um bilhete único no transporte.
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