Em um prazo de dois anos, 60% da energia que alimenta o Metrô de Santiago deve ser solar e eólica. A presidente Michelle Bachelet anunciou em 23 de maio que o governo federal deve investir US$ 500 milhões no projeto, equivalente a R$ 1,7 bilhão. O impacto é grande: cerca de um sétimo da população chilena se locomove pelos trilhos de Santiago, todos os dias. Além de reduzir as emissões de gás carbônico – altas para padrões latino-americanos – o governo pretende fomentar impulsionar a utilização das chamadas “energias renováveis não convencionais”, com o investimento em infraestrutura que será feito.
Com cinco linhas e cem estações, o Metrô de Santiago transporta em média 2,5 milhões de passageiros por dia. O número deve chegar a 3,7 milhões no próximo ano, com a conclusão da linha seis, que terá uma estação no turístico Estádio Nacional.
A migração para energias renováveis se dará em três frentes. Cerca de 40% do fornecimento fica por conta da própria estatal chilena de eletricidade, a Chilectra. A principal fonte será o projeto El Pelícano, parceria do governo com a francesa Sun Power. São duas plantas de energia solar, nas províncias de La Higuera e Vallenar, que devem fornecer 42% da energia renovável do Metrô. A previsão é de que a construção comece já nos próximos meses.
A energia eólica entra na jogada em menor escala, com os 18% restantes. A fazenda de San Juan, no distrito de Freirina, já está em construção. Apenas uma parte da energia produzida pelo consórcio brasileiro Latam Power será utilizada pelo Metro de Santiago. Cerca de 85% do que for produzido pelos 56 aerogeradores do local devem ser vendidos para outros distribuidores da região.
A estimativa é reduzir em 130 mil toneladas as emissões anuais de gás carbônico. Número significativo, já que em 2015 o Metrô emitiu, ao todo, 159 mil toneladas do gás.
Atualmente, em um ano, o Chile hoje produz 4,6 toneladas métricas do gás por pessoa, segundo estimativas do Banco Mundial. Pouco perto da média dos países desenvolvidos (a média dos países da OCDE é de 11), mas bem acima da América Latina e do Caribe, onde as emissões anuais são de 2,4 toneladas métricas, em média.
O país foi o primeiro da América do Sul a taxar a emissão de carbono, em 2014. Usinas térmicas com capacidade superior a 50 megawatts pagam US$ 5 para cada tonelada liberada.
Mobilidade sustentável
O megaprojeto chileno dá um salto em relação aos investimentos em mobilidade sustentável mais comuns, que pregam a substituição dos transportes motorizados pelos não motorizados; e do individual pelo coletivo. É o que diz a Lei de Mobilidade Urbana brasileira, por exemplo.
Ao redor do mundo, há projetos de menor porte. Dois ônibus da cidade australiana de Adelaide, de 1,2 milhão de habitantes, rodam com energia 100% solar. Os veículos são carregados na estação central de ônibus da cidade. O custo de rodagem é tão baixo que a linha não cobra passagem dos usuários.
No Brasil, há iniciativas pontuais de fontes renováveis. Desde 2012, a frota de Curitiba utiliza o “ônibus híbrido” da Volvo, com um motor movido a diesel e outro, elétrico. Os altos custos de aquisição e de manutenção do modelo foram alvo de críticas por parte do Tribunal de Contras do Paraná (TC). Os cerca de R$ 13 milhões investidos foram repassados à tarifa do transporte, pesando no bolso do usuário.
Em março deste ano, Curitiba passou a contar com um ônibus híbrido articulado (chamado “hibriplus”), com tecnologia mais avançada. No mesmo mês, estreou em São Paulo o ônibus movido a hidrogênio. O combustível é produzido a partir da eletrólise da água, e é produzido em uma estação da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) da cidade. A tecnologia foi financiada em parte pela Global Environment Facility (R$ 12,27), e o restante com dinheiro da Financiadora de Estudos e Projetos, a Finep (US$ 2,23 milhões).
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