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A edição deste domingo (3) da revista britânica The Economist estampa na capa a expressão “Uberworld” e faz referência à Uber como “a startup mais valiosa do mundo, com valor estimado em US$ 70 bilhões” para, em seguida, elevá-la à posição de líder na revolução que está mudando o transporte urbano. Embora a afirmação possa parecer exagerada para alguns – principalmente para os brasileiros que têm experimentado o lado bom do aplicativo mas também a batalha em torno de regulamentações e concorrência com iniciativas locais –, o olhar da revista é sobre algo mais lá na frente: o futuro dos carros autônomos, operando a partir de ideias como a da Uber. “Não satisfeita em sacudir a ‘indústria do táxi’, um negócio de US$ 100 bilhões anuais, a empresa está de olho em um mercado maior de transporte individual, estimado em cerca de US$ 10 trilhões anuais no mundo”, alerta o texto da Economist.

E apesar de reconhecer a super startup de São Francisco como tal, a reportagem da revista lembra que a Uber não é a única de olho nisso, apenas uma das pioneiras. “Tanto companhias grandes como as pequenas têm reconhecido o potencial transformador dos carros elétricos e autônomos, e entregues sob demanda.”

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As gigantes de tecnologia Apple, Google e Tesla estão investindo pesado nessa visão, seguidas de perto das montadoras. Da Ford à Volvo, todas perceberam que estavam perdendo o bonde dessa ideia e agora estão correndo atrás do prejuízo, com esforços próprios e/ou firmando parcerias.

A aposta, segundo a Economist, é de que todo esse investimento leve a uma revolução na mobilidade, tão transformadora quanto foi a introdução do carro no século 20: “reinventado o transporte e remodelando cidades, enquanto reduz dramaticamente poluição e mortes no trânsito”.

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Reprodução/Jon Berkeley

Para a Economist, a Uber está, ao menos a curto prazo, na pole position dessa corrida, em razão de sua dominância no negócio da carona compartilhada – um negócio que hoje responde por cerca de 4% dos quilômetros rodados no mundo, mas que, estima o banco Morgan Stanley, pode abocanhar mais de 25% dessas corridas até 2030.

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A reportagem pondera apenas que nem sempre as empresas ditas pioneiras em tecnologia são aquelas que conseguem, depois, continuar no topo, mesmo dentro de seus próprios nichos de mercado. “Pense na Nokia e na BlackBerry quanto o assunto é smartphones, Kodak para as câmeras digitais ou ainda MySpace para redes sociais. Muito dependerá de qual companhia lidará melhor com os reguladores.”

A Economist lembra que é de praxe para as empresas de tecnologia chegar, chegando, e pedir permissão depois. “Muito do sucesso da Uber se deve a esta receita, ainda assim quanto o assunto é veículos autônomos, a combinação de regras vagas com uma tecnologia imperfeita pode gerar consequências mortais”, adverte a reportagem.

Em outras ocasiões, Futuro das Cidades já mostrou o quão controverso esse modus operandi das empresas de tecnologia, especialmente a Uber, tem sido. Até mesmo como modelo de negócio, já que o fôlego dos investidores para manter tal estratégia pode chegar ao fim a qualquer momento.

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Mesmo assim, a Economist coloca as suas fichas, por ora, na Uber, pelo simples fato de que a startup é a única gigante focada realmente em transporte, e não em tecnologia em geral. “Sua visão do futuro [da Uber] é plausível e convincente. (...) Se a própria Uber alcançará seus objetivos ou fracassará, não importa, porque nós estamos todos na estrada para Uberworld.”

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