Nem Uber nem taxistas. Quem tem se destacado na batalha por clientes no Cairo é uma terceira parte: a start-up Careem.
Fundada em 2012, a empresa -cujo nome significa “generoso”, em árabe - tem sua base em Dubai. Hoje, opera em 25 cidades em 10 países, principalmente no norte da África e no Oriente Médio, e afirma liderar o mercado nessa área. A cada dois meses, o Careem dobra o número de viagens realizadas.
Uma das explicações para o crescimento do Careem no Oriente Médio está relacionada à sua adequação à região. É possível agendar a viagem com antecedência, além de pagar utilizando dinheiro vivo, duas demandas frequentes entre os seus clientes.
O pagamento em espécie é um dos trunfos dessa empresa, já que há pouco uso de cartões de crédito no Egito. Estima-se que só 10% da população tenha conta bancária ali.
Em dezembro, o Uber passou a aceitar também pagamentos em espécie no Cairo, hoje uma das poucas exceções do serviço no mundo.
A adequação do Careem à região está relacionada à história da empresa, surgida a partir das dificuldades diárias de seus empresários.
“Nossos fundadores criaram o Careem depois de perceber, em suas viagens a trabalho, que era mais fácil agendar um voo do que uma corrida de táxi”, afirma à reportagem Hadeer Shalabi, 25, a gerente da start-up no Egito.
A “generosidade” no nome da empresa está relacionada à aposta do Careem na relação com os motoristas, a quem chama de “capitães”, e os clientes. Há um serviço de call center para quem prefere agendar por telefone, em vez de pelo app no celular.
As tentativas da reportagem em usar o serviço telefônico, porém, levaram a esperas de mais de dez minutos até o atendimento (a firma tem meta de dez segundos).
Os desafios da adaptação do Careem à região variam de país a país. No Egito, por exemplo, há uma inundação de denúncias de assédio sexual por parte de motoristas de táxi. Assim como o Uber, o Careem treina seus funcionários para lidar com essa problemática questão.
Hoje, o motorista do Careem paga 20% do valor de suas corridas para a start-up, mesmo percentual do Uber. Os “capitães” são contratados via uma terceira empresa, que, por sua vez, paga os impostos ao governo egípcio.
Neste mês, após os repetidos protestos de taxistas, as autoridades locais anunciaram que vão regular o serviço.