Arrolada como testemunha de defesa de um dos réus acusados de envolvimento no assassinato de sua filha, a mãe de Eliza Samudio, Sônia Fátima Moura, chegou a Belo Horizonte no sábado, depois de duas noites sem dormir direito.
O julgamento de cinco dos sete acusados pelo crime estava previsto para começar nesta segunda, às 9h, no Fórum de Contagem, em Minas Gerais. Ate as 10 horas, o julgamento ainda não tinha sido iniciado.
Ao ter acesso, segundo ela, ao processo na íntegra, pela primeira vez, Sônia, que dizia antes não sentir mágoa do ex-goleiro Bruno, um dos acusados, mudou de postura:
"Senti muita revolta e mágoa por tudo o que soube. Não tinha conhecimento até ontem. Quando minha filha se separou do Bruno, ele tinha sempre um chamariz para atraí-la. Ou por amigos em comum ou de outras formas. O Bruno atraiu a minha filha para a morte. Quero olhar nos olhos dele", disse a mãe de Eliza Samudio.
Desde sábado, ela diz estar tomando dois tipos de calmantes. Sônia conta ter chorado muito ao ler o processo, ao lado de assistentes da acusação. Fora de casa, no Mato Grosso do Sul, está hospedada na casa de um dos seus advogados de acusação, em Belo Horizonte. Ela garante não ter dúvidas de que Bruno arquitetou o crime contra sua filha. Por ser testemunha, ela não sabe se poderá acompanhar o julgamento no plenário, mas planeja.
"Eu quero olhar nos olhos do Bruno para ver se ele tem coragem de me encarar", diz. Sônia afirma que não tinha tido acesso aos fatos do processo para tentar se preservar.
"Eu estava muito debilitada, mas, no sábado, os advogados disseram: "Você tem que ter acesso ao processo". Foi então que soube de como minha filha tentou escapar várias vezes dele. Ela já tinha feito dois ou três registros de ocorrência contra o Bruno", disse a mãe de Eliza.
Cercado de atenção do público, o julgamento deve causar polêmica. Rui Pimenta, advogado de defesa de Bruno, disse que vai pedir a nulidade do processo. Poucas horas antes de começar o julgamento do ex-goleiro e de outros quatro réus, acusados de sequestro, cárcere privado, homicídio e ocultação de cadáver da modelo Eliza Samudio, as manifestações já começam a acontecer na porta do Fórum de Contagem.
Muitas pessoas se deslocaram até a cidade para acompanhar de perto o julgamento, como o publicitário André Santos, de 51 anos, que deixou Viçosa, em Minas Gerais.
Além do ex-atleta do Flamengo, também serão julgados Luiz Henrique Romão, conhecido como Macarrão; Marcos Aparecido dos Santos, o Bola; Dayanne Rodrigues, com quem Bruno tem duas filhas; e Fernanda Castro, ex-namorada dele. Todos os réus negam participação. O julgamento deve durar dez dias.
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