O governador da Bahia, Jaques Wagner, disse nesta terça-feira acreditar que as negociações com os policiais militares que estão em greve no estado estão avançando e aproveitou para fazer um apelo e pedir para que os profissionais de segurança não deixem a população desamparada. Os grevistas passaram a madrugada na Assembleia Legislativa da Bahia e não obedeceram à determinação de sair do prédio.

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Na noite de segunda-feira, oito menores deixaram a Assembleia junto com familiares, após decisão judicial assinada pelo juiz Adenilson Barbosa dos Santos, da Justiça estadual, que determinou a retirada das crianças do local. Ainda assim, muitas crianças ainda continuam ao lado dos policiais. O Ministério Público e deputados estaduais acusaram o comando de greve de usar os filhos dos militares (cerca de 150 estão lá dentro, segundo os líderes do movimento) para deter o avanço das tropas do Exército.

Na manhã desta terça-feira, a Secretaria de Segurança Pública autorizou a entrada de alimentos e material de higiene para quatro crianças que ainda estão dentro da Assembleia. De acordo com o chefe da Comunicação Social da 6ª Região Militar, tenente-coronel Márcio Cunha, a entrada de comida foi solicitada pela equipe de negociação da secretaria que está dentro do prédio.

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Não haverá anistia para PMs que praticaram vandalismo, diz Jaques

Mesmo com os grevistas desobedecendo às determinações, o governador declarou que o fato de uma negociação ter começado às 16h30m e ter ido até as 2h30m "é um ótimo sinal". "Quando as coisas não andam, as negociações se interrompem rapidamente", disse, em entrevista ao "Bom Dia Brasil", da TV Globo. "A extensão da reunião é um sinal de que estamos no caminho de encontrar uma saída negociada", acrescentou.

Mas na negociação, os policiais também terão que ceder, já que Jaques Wagner diz que não há espaço fiscal para suprir todas as demandas: "Nós, ao longo de cinco anos, concedemos 30% de aumento real. E eu tenho limite na folha. As negociações são em torno desse valor, da chamada GAP 4 e eventualmente até da GAP 5, mas evidentemente isso terá que ser partilhado ao longo de 2013, 2014 e até 2015. Se for para pagar alguma coisa imediatamente agora, não há menor espaço, porque não tenho espaço fiscal para fazê-lo", afirmou.

Como forma de negociação, o governo da Bahia disse que garante um reajuste salarial de 6,5% em 2012, retroativo a janeiro, para os policiais militares, "como prova de que está disposto a negociar as reivindicações econômicas da categoria". Mas, à TV Globo, o presidente da Associação de Policiais, Bombeiros e de seus familiares (Aspra), o soldado Marco Prisco, reclamou da oferta: "6,5% não é proposta", disse Prisco, um dos 11 grevistas que estão com mandados de prisão expedidos pela Justiça.

Sobre uma possível anistia aos grevistas, Jaques Wagner afirmou este não é o caso na situação: "Não tenho interesse em perseguir ninguém. Mas aqueles que cometeram crimes de vandalismo, e atacaram um ônibus escolar, por exemplo, serão punidos. São coisas diferentes: protestar é uma coisa, fazer vandalismo é outra", declarou ele, em entrevista à Rádio CBN.

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O governador também foi perguntado se considera a greve é legítima: "Cada um tem sua opinião, eu não sou obrigado a ter a mesma opinião do ex-presidente ou do meu partido."