O governador reeleito Roberto Requião (PMDB) chegou, na tarde desta terça-feira (7), ao Palácio Iguaçu, em Curitiba, de volta de uma viagem a Brasília, onde se encontrou pela manhã com o presidente Lula (PT), também reeleito para mais um mandato.
Requião chegou ao Palácio pouco depois das 17h30. Ele estava licenciado do cargo há dois meses para a campanha eleitoral, junto com o vice, Orlando Pessuti, também do PMDB.
A retomada do cargo aconteceu sem nenhum tipo de cerimônia oficial nem entrevistas à imprensa. Requião apenas assinou o livro de posse. Nesta quarta(8), o governador retorna ao trabalho pela manhã, cumprindo expediente normal no Palácio Iguaçu.
Depois de assinar o termo de posse, Requião reuniu-se informalmente com secretários e deputados estaduais da base aliada. O governador afirmou que pretende enviar à Assembléia Legislativa, ainda neste ano, projeto para reduzir o ICMS dos bens de consumo-salário, ou seja, produtos essenciais, como alimentos e roupas. "Estamos formatando isso. É um compromisso de campanha", disse o governador.
Novo mandato
A expectativa para o novo mandato de Requião ganha contornos mais positivos a partir da conversa que ele teve, a sós, com o presidente Lula, na manhã desta terça.
Embora não tenha subido ao palanque do presidente, quando ele esteve no Paraná para comícios durante a campanha para reeleição, Requião é uma importante liderança do PMDB, partido que se aliou ao PT no segundo turno das eleições.
Cooperação
Assim, o presidente petista abriu o diálogo com o governador paranaense evidenciando vontade de cooperar com o estado. Ficou acertado que a ministra Dilma Roussef um dos nomes mais fortes da equipe próxima a Lula virá em breve ao Paraná para uma visita de três dias, quando identificará a pauta de parcerias entre governos federal e estadual, investimentos no estado e projetos pendentes.
Depois, o próprio presidente Lula deverá visitar o estado e prestigiar Requião, anunciando resultados da visita da ministra e investimentos do governo federal no Paraná.
Requião disse que o presidente Lula manifestou, na conversa, a intenção de ter uma boa relação com o Paraná. O governador afirmou, ainda, que o presidente Lula quer o PMDB participando do governo federal desde o início do segundo mandato.
No dia 17 de novembro, de acordo com Requião, os sete governadores eleitos pelo PMDB vão se reunir em Santa Catarina para definir oficialmente a posição em relação ao governo Lula.
Na Assembléia
Com a volta de Requião e de Pessuti, o governador em exercício, deputado Hermas Brandão (PSDB), retoma também o cargo de presidente da Assembléia Legislativa do Paraná. O deputado petista Pedro Ivo Ilkiv, vice-presidente da casa, repassa o cargo para Brandão também sem solenidades, apenas em cerimônia interna.
A retomada dos cargos marca o início de um período de especulações políticas. Na pauta de muitos deputados, lideranças e aliados de Requião, do PMDB e de outros partidos que o apoiaram, estão as costuras e arranjos políticos em torno dos nomes que vão compor o novo secretariado para o segundo mandato do governador.
A assessoria de comunicação do Palácio Iguaçu nega qualquer tipo de especulação nesse sentido.
De acordo com a equipe que assessora o governador, Requião tem um estilo próprio de governar. Ele é quem deverá decidir e não há interlocutores autorizados para falar em nome do governador reeleito sobre possíveis substituições no secretário e novos ocupantes dos cargos de primeiro escalão.
Nomes
Entre as apostas para o novo secretariado, surge o nome do próprio Hermas Brandão, da ala dos tucanos que apoiou Requião. Brandão não se candidatou à reeleição para deputado e pode ser "recompensado" com uma secretaria.
O deputado Rafael Greca (PMDB), que não conseguiu se reeleger, é outro nome que está na berlinda. É cotado para a secretaria da Cultura, devido à sua afinidade com o assunto.
Outro nome que brilha neste período pós-eleições é o da ex-candidata ao Senado pelo PT e ex-diretora financeira da Itaipu Gleisi Hoffman. Ela saiu das urnas com excelente votação em todo o Paraná e ganhou, durante a campanha, apoio declarado de Requião. Também aparece cotada para uma secretaria de estado ou outro cargo no primeiro escalão.
Disputa
Começa também a disputa pela presidência da Assembléia Legislativa para 2007. A eleição do novo presidente da casa será no dia 2 de fevereiro, um dia depois da posse dos 54 deputados eleitos. Mas o PMDB já começa a se articular para disputar a vaga.
O partido também terá que decidir o novo presidente do diretório regional, pois o atual líder, deputado Dobrandino da Silva, já avisou que não pretende continuar no cargo, que ocupa há dois anos.