Duas semanas depois da rebelião no 11º Distrito Policial, na Cidade Industrial de Curitiba, onde um preso morreu, a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) anunciou nesta sexta-feira (23) que não cumprirá a promessa de desativar temporariamente a delegacia nesta semana.
A Sesp havia assumido o compromisso de fechar a carceragem da delegacia para uma reforma geral em até uma semana, conforme declarado no dia 12 de dezembro. Os sistemas elétricos e hidráulicos do distrito seguem em estado precário, conforme dito por policiais que não querem se identificar. As portas das celas foram arrebentadas. Agora, o que separa a área da carceragem do setor frequentado por funcionários que fazem Boletins de Ocorrência são duas portas trancadas.
Desde a rebelião no dia 10 de janeiro, 65 presos foram transferidos. A carceragem do 11º DP tem atualmente 107 detidos onde cabem 40. A Vara de Inquéritos determinou a desativação imediata da carceragem do 11º DP após a rebelião.
Por meio de nota oficial, a Sesp afirma estar investindo na construção de novas penitenciárias. "Já foi iniciada a construção de 60 celas modulares no Centro de Triagem II que abrirá 720 vagas resolvendo definitivamente o problema da superlotação nos 11º e 12º distritos", diz a nota, sem mencionar prazos.
A manifestação ainda pede a colaboração da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Paraná, (OAB/PR ) que "poderia colocar seu corpo de advogados e estagiários para atender os presos que já podem ter o benefício da progressão de pena ou liberdade provisória".
O presidente da OAB/PR, Alberto de Paula Machado, ressalta que os advogados da instituição fizeram um trabalho emergencial nas delegacias de seis meses. "O que precisa na verdade é um trabalho permanente de advogados através de uma defensoria pública", afirma Machado.
Rebelião
O tumulto no 11º DP ocorreu quando alguns internos tentaram render um policial que distribuía as refeições. O detento José Gonçalves de Lima Sobrinho, de 29 anos, foi morto e outros três ficaram feridos.
Segundo informações da Agência Estadual de Notícias, a confusão ocorreu por volta das 11h30 da manhã quando, em posse de facas improvisadas, os detentos de uma das celas tentaram fazer refém o policial que distribuía as refeições. Eles entraram em luta corporal com o agente. Um outro oficial que presenciava a situação efetuou disparos com uma arma na tentativa de conter os detentos.
A situação só foi controlada por volta das 15h com a chegada de equipes do Cope (Centro de Operações Policiais Especiais), Tigre (Tático Integrado de Grupos de Repressão Especiais) e da Polícia Militar. Na negociação com os policiais, os detentos pediram a transferência de alguns presos.
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