De posse do laudo que comprova a inexistência de focos de febre aftosa no Paraná, o governo estadual pretende reunir produtores, entidades e governo federal na reivindicação por mudanças das regras da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE). Uma reunião extraordinária para tratar do assunto deve ocorrer dentro de dois meses, no máximo.

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A notificação do foco de febre aftosa no estado, feita em dezembro de 2005, gerou perdas estimadas em R$ 600 milhões aos produtores paranaenses. O eventual ressarcimento dos prejuízos será analisado pelo governo estadual em um outro momento, segundo o vice-governador Orlando Pessuti.

No ano passado, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) confirmou o foco de febre aftosa no Paraná seguindo as determinações da OIE, que considera resultado positivo de sorologia como sintoma da doença. De acordo com Pessuti, que era secretário da Agricultura na época, o próprio Ministério da Agricultura é favorável às mudanças de normas. "O critério da sorologia só pode ser usado em rebanhos sem vacinação. O gado que é vacinado não pode ser avaliado dessa forma, de outra forma teríamos que decretar a cada mês focos de febre aftosa", disse.

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O governo estadual sempre defendeu a inexistência de febre aftosa e demorou a concordar com o abate de animais, medida preconizada pela OIE. "Mas temos de reconhecer que o ministério nunca afirmou que havia doença, apenas seguiu as regras", disse. Segundo ele, é hora de aliar forças em torno do objetivo comum. "Temos de dar uma trégua de todas as brigas que existiram e juntar forças para mudar as regras da OIE", afirmou. O estado quer recuperar o status de área livre de aftosa com vacinação, que garante a qualidade da carne e abre as portas para a retomada das exportações. "Acredito que haverá um momento para discutir os prejuízos que existiram, mas primeiro temos de estancar as perdas. Temos de reconquistar junto ao OIE o status e reconquistar a confiança dos compradores.

No fim de outubro, o Ministério da Agricultura confirmou que o Paraná estava livre da aftosa, mas o laudo indicando a inexistência da doença só veio à tona nesta semana. Mais de 6 mil animais foram sacrificados no estado por causa da suspeita da doença. O produtor André Carioba, que perdeu 1,8 mil animais, incluiu o laudo na ação que move contra o ministério. Mas ele também defende a união de forças na luta por mudanças nas normas da OIE, no papel de presidente da Associação Nacional dos Bovinos de Corte (ANBC). "A associação não tem intenção de fomentar processos judiciais. Estamos em parceria pela mudança das regras", declarou.