Recomendações
Embora os médicos recomendem exercícios a praticamente todas as gestantes, cada gravidez é diferente e as futuras mães devem seguir as orientações do profissional que cuida do seu pré-natal. É ele quem pode sugerir as atividades mais apropriadas.
Futuras mães já devem ter ouvido de seus médico que as atividades físicas durante a gestação, em geral, trazem diversos benefícios, como a melhoria da capacidade respiratória e de recuperação pós-parto. Pesquisas se debruçam agora sobre os benefícios dos exercícios físicos na gestação para os filhos e algumas já apontam que eles podem favorecer o desenvolvimento intelectual dos descendentes.
“Fizemos um trabalho baseado em evidências de que filhos de mães atletas eram mais leves e tinham capacidade maior de resolver problemas. Testamos isso em ratos e, quando colocávamos os filhotes para resolver problemas cognitivos, os de mães que se exercitavam (corriam) tinham vantagem em relação aos filhos de mães sedentárias”, explica o neurocientista Sérgio Gomes da Silva, do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein .
Recomendações
De forma geral, as gestantes são orientadas a praticar exercícios físicos. “Exceto aquelas que têm algum risco aumentado de parto prematuro”, ressalva o ginecologista e obstetra do Hospital Nossa Senhora das Graças Francisco Furtado Filho.
De outro modo, as atividades físicas podem contribuir para o aumento da capacidade respiratória, diminuindo a falta de ar e aumentando o envio de oxigênio para o bebê, a melhoria da capacidade cardíaca, a facilitação do trabalho de parto e da recuperação pós-parto, e a diminuição do colesterol, dos níveis de glicose e da pressão arterial.
Para isso, porém, é preciso conversar com o médico que faz o pré-natal, escolher uma atividade (Furtado recomenda caminhadas, natação, yoga, pilates e ciclismo), e encontrar um profissional de confiança para a orientar os exercícios. “É importante também ter uma boa nutrição”, diz o médico.
As habilidades cognitivas testadas por Silva e sua equipe foram a capacidade de encontrar a saída de um tanque e a de se habituar com determinados objetos. Em ambos os casos, os filhotes de ratas que se exercitaram durante a gestação foram significativamente mais velozes do que os outros. Segundo os pesquisadores, isso se deve à maior presença de fatores neurotróficos derivados do cérebro (proteínas que contribuem para a formação de novos neurônios) e um maior número de células neuronais no hipocampo, importante área relacionada à memória.
Agora os pesquisadores estudam como os exercícios físicos da mãe criam essas condições no cérebros dos filhotes.
Humanos
Em humanos, a relação entre a prática de exercícios físicos durante a gestação e o melhor desenvolvimento intelectual de bebês foi verificada pelo menos nos primeiros anos de vida. Uma pesquisa desenvolvida em Pelotas com gestantes e todos os recém-nascidos do ano de 2004 confirmou que o desenvolvimento da criança é melhor durante o primeiro ano de vida e que, por volta dos quatro anos, o QI dos filhos de mães ativas também é superior.
Meninas X meninos
O estudo conduzido em Pelotas verificou ainda que os meninos são mais afetados do que as meninas pelos exercícios maternos durante a gestação. Este resultado pode ser motivado pela diferença de desenvolvimento entre os cérebros femininos e masculinos e pode indicar
Inicialmente, a pesquisa considerou apenas a atividade/inatividade das mães, incluindo depois na avaliação fatores como renda familiar e escolaridade da mãe. Com isso, a diferença entre o desenvolvimento intelectual das crianças foi significativa apenas até o primeiro ano de vida.
“Depois, o desenvolvimento continua sendo superior, mas se dilui, o que acaba reforçando a ideia de que quanto mais novo o bebê, mais ele é um efeito do que foi a gestação. Quando começamos a envelhecer, outros fatores influenciam”, explica o educador físico responsável por esta parte do estudo e professor da Universidade Federal de Pelotas, Marlos Domingues Rodrigues.
No entanto, como a pesquisa é feita a longo prazo, o pesquisador acredita que há possibilidade novas descobertas. “Pode ser que, daqui alguns anos, refazendo as análises [com as crianças mais velhas], descubramos que existe uma relação forte. Começamos esses estudos sem saber exatamente para onde vamos”, explica.
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