A saída de 245 policiais militares que estavam amotinados na Assembleia Legislativa da Bahia desde o dia 31 de janeiro e a prisão do principal articulador do movimento, o presidente da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), Marco Prisco, enfraqueceu o movimento grevista que parte da PM promove no estado.
Após duas reuniões, uma realizada pela manhã e outra no fim da tarde, cerca de 500 policiais a maioria vinda da Assembleia decidiu manter a paralisação, mas diminuir as reivindicações. Em sete cidades do interior, Brumado, Campo Formoso, Guanambi, Ibotirama, Livramento de Nossa Senhora e Poções, os PMs anunciaram o retorno aos trabalhos.
Parte dos grevistas insiste em cobrar do governo a revogação dos mandados de prisão contra 13 líderes do movimento (cinco deles já cumpridos). Na prática, porém, as entidades admitem que encerram a paralisação se houver pagamento de parte da Gratificação por Atividade Policial do nível 4 (GAP 4) em março e antecipação do pagamento da GAP 5 (previsto para ter início em 2014).
"Aceitamos um porcentual em março e o resto em novembro e o governo decide como será a divisão", afirma o presidente da Associação dos Subtenentes e Sargentos da Polícia Militar da Bahia, Jackson Carvalho. O governo, porém, diz não ter espaço no orçamento para realizar o pagamento no mês que vem e mantém a proposta de depositar a GAP 4 a partir de novembro. "Nossa proposta leva o governo ao limite da Lei de Responsabilidade Fiscal", diz o governador Jaques Wagner.
Desocupação
A liderança dos policiais amotinados na Assembleia havia decidido deixar o local ainda na noite de quarta-feira, depois da divulgação de conversas telefônicas que flagravam Prisco incentivando atos de vandalismo.
No início da madrugada, uma comissão dos amotinados saiu do prédio para negociar a desocupação com o Exército. Por volta das 5 horas, ficou definida a estratégia para a saída dos PMs, que começou a ser realizada às 6h20.
Após a saída de Prisco e de outro líder que foi preso, Antônio Paulo Angeline, às 7h20, o Exército declarou concluída a retirada dos manifestantes da Casa. Os trabalhos de vistoria do prédio, realizados em conjunto com a Polícia Federal, foram concluídos uma hora e meia depois.
A notícia da desocupação da Assembleia teve reflexos rápidos na cidade. O trânsito nas principais vias, que estava tranquilo nas últimas semanas, voltou a ficar carregado. A maioria das escolas das redes estadual e particular funcionou normalmente.