Os professores da rede municipal de ensino de Curitiba começaram uma greve por tempo indeterminado na manhã desta segunda-feira (17). O sindicato recomenda que os pais deixem os filhos em casa, mas a prefeitura garante que vai manter pelo menos o mínimo de pessoal necessário para não deixar nenhum aluno que for levado à escola desatendido. Segundo o balanço do poder público, divulgado no meio da manhã, o movimento fechou 131 escolas, enquanto 53 mantiveram atendimento total ou parcial.
O Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac) informa que há três frentes principais que causaram a greve, aprovada em assembleia no último dia 27 de fevereiro. Os temas de debate são: a contratação de novos professores, o enquadramento dos atuais funcionários no novo plano de carreira proposto pela prefeitura de Curitiba e a jornada de trabalho das escolas de 6.º ao 9.º ano.
A Prefeitura de Curitiba defende que em nenhum momento fechou as portas à negociação e que a paralisação é feita em meio a um processo de discussão de novas propostas para a educação na cidade. Aliado a essa crítica, o órgão também disse que não é possível chamar o movimento, nesta segunda-feira, de greve, já que o dia de paralisação faz de uma proposta de um movimento nacional, puxado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
O Sismmac, por sua vez, confirmou que o calendário da mobilização nacional da CNTE foi levado em consideração para definir a data de paralisação. Mas, segundo a entidade, o que acontece a partir desta segunda-feira é uma greve por tempo indeterminado, aprovada em assembleia no dia 27 de fevereiro.
Protesto e passeata até a prefeitura
Os professores em greve se reuniram nesta manhã na Praça Santos Andrade, em frente ao prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Por volta das 10 horas, o grupo seguiu em passeata até o Centro Cívico, com itinerário seguindo pela Rua Marechal Deodoro da Fonseca, Avenida Marechal Floriano Peixoto, Praça Tiradentes, Rua Barão do Serro Azul e Avenida Cândido de Abreu. O destino final foi a Prefeitura de Curitiba.
Do alto do caminhão de som que puxava a passeata, o diretor do Sismmac, Rafael Alencar Furtado, disse que considerava a adesão à greve a "maior dos últimos dez anos" e criticou os diretores que teriam boicotado o movimento. "Parabéns aos diretores que vieram. A praça (Santos Andrade) está vestida de magistério. E uma vaia aos poucos que boicotaram a greve. Diretor também é professor", disse ele.
"Essa é a maior greve dos últimos dez anos na educação municipal. O (Gustavo) Fruet vai ter que nos ouvir", complementou, lembrando que o sindicato solicitou uma reunião com o prefeito Gustavo Fruet (PDT), mas que, pela manhã, não haveria confirmação se ela ocorreria.
Por volta das 11h30, a passeata chegou à Prefeitura de Curitiba e o trânsito foi liberado na região. As informações são da Secretaria Municipal de Trânsito (Setran), que acompanhou o movimento e que fechava temporariamente as ruas enquanto o grupo de professores passava.
A categoria pretende permanecer no local pelo menos até as 13 horas, em busca de uma reunião com o prefeito.
"Após a reunião (caso ela aconteça), iremos fazer uma assembleia lá mesmo em frente à prefeitura para comunicar aos professores o andamento das negociações. Se ele não nos receber, a greve continua por tempo indeterminado", disse a diretora do sindicato, Andressa Fochesatto.
Estimativas de público divergentes
A quantidade de pessoas envolvida no movimento dos professores foi estimada de forma divergente nesta segunda. Um guarda municipal presente na praça estimou o público em cerca de 2 mil pessoas. Segundo Andressa Fochesatto, diretora do Sismmac, a passeata deste ano foi bem maior do que a de 2012. "Acredito que mais de sete mil pessoas estão aqui", disse ela.
Procurada, a Guarda Municipal informou que estimou o público da passeata em mil pessoas.