A greve dos rodoviários causa transtornos para a população de de 13 municípios do estado. São atingidos Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Tanguá (desde a manhã de ontem), além de oito da Baixada Fluminense: Nova Iguaçu, Nilópolis, São João de Meriti, Belford Roxo, Mesquita, Seropédica, Itaguaí e Paracambi. Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Tanguá. Os passageiros estão reclamando da falta de opções para se deslocarem. Em Niterói e São Gonçalo, os passageiros colocam em dúvida se o número de 40% de veículos - número mínimo de carros que deveriam estar nas ruas, quantidade estipulada através de decisão judicial - estão realmente rodando. O não cumprimento desta decisão acarreta em uma multa de R$ 100 mil diários a categoria em greve.
"A greve está pior hoje. Não vi ônibus nas ruas. A fila para pegar catamarãs está imensa", contou Regis Ferreira, que mora em São Francisco, Niterói, e trabalha no Centro do Rio
Na Região Metropolitana, a greve também causa transtorno para os motoristas. Com a falta de coletivos a quantidade de carros aumentos nas ruas e há congestionamento em locais que geralmente não possuem complicações no trânsito. Apesar dos pontos de ônibus cheios o policiamento em Niterói não foi reforçado. O motorista que vem da Baixada, porém, encontra uma situação completamente oposta. Com a ausência dos ônibus as principais vias expressas da cidade, caso da Avenida Brasil e Linha Vermelha, estão com o trânsito mais leve, na manhã desta sexta-feira.
Quem também não está satisfeito com a greve dos rodoviários são os usuários do trem, que relatam que na manhã desta sexta-feira o número de pessoas transportadas aumentou. A SuperVia já registra aumento de demanda nos trens urbanos às 6h30m desta sexta-feira. Haverá viagens extras em Nova Iguaçu e Queimados, no ramal de Japeri, de acordo com a demanda dos passageiros. A concessionária afirma que está monitorando todos os ramais para verificar a necessidade de mais viagens extras nesta manhã. Até as 7h, os trens operavam em intervalos regulares em todos os ramais.
Segundo o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio (Setrerj), a greve prejudicou nesta quinta-feira até 1,3 milhão de pessoas. Os municípios em greve são: Nova Iguaçu, Nilópolis, São João de Meriti, Belford Roxo, Mesquita, Seropédica, Itaguaí, Paracambi, Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Tanguá.
No Rio, rodoviários fazem acordo e descartam greve
O presidente do Sindicato dos Rodoviários do Rio, Antônio Onil da Cunha Filho, descarta a possibilidade de a categoria entrar em greve na capital. Segundo ele, em assembleia realizada dia 23, os rodoviários cariocas aprovaram um acordo com os empresários de ônibus. Eles receberão, a partir dos salários de março, pagos no início de abril, um aumento de 10%. O motorista e o despachante dos ônibus municipais passaram a ganhar R$ 1.618,06. O salário do cobrador do Rio foi para R$ 892,88 e o do fiscal, para R$ 1.055,36.
Em Nova Iguaçu, a assembleia que decretou a paralisação de 13 mil rodoviários da Baixada - a exceção é Caxias, onde houve acordo - durou mais de quatro horas. A Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor) informa que, por decisão judicial, os grevistas desses municípios têm de colocar 70% da frota de ônibus nas ruas, nos horários de rush, e 40%, no restante do dia. O descumprimento da determinação implica em multa de R$ 300 mil ao dia.
No caso dos cinco municípios que começaram a greve na quinta-feira, o superintendente do Setrerj informa que 751 dos 3.767 ônibus intermunicipais e municipais operaram, correspondendo a 19,9% da frota. Por determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), os rodoviários deveriam colocar em circulação 40% da frota durante a greve. A multa pelo descumprimento da determinação é de R$ 100 mil por dia. O Detro, no entanto, garante que, no caso apenas dos intermunicipais, 40% dos veículos trafegaram. O órgão fiscalizou a operação dessas linhas.
TRT se reúne para tentar acordo em Niterói
O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) realiza na sexta-feira, a partir das 13h, audiência de conciliação entre rodoviários e empresas de ônibus de Niterói e municípios vizinhos. Após a audiência, os rodoviários da região realizarão assembleia para discutir os rumos do movimento.
De acordo com rodoviários, por causa da greve, manobristas, instrutores e mecânicos tiveram que assumir a direção de ônibus. No fim da manhã de ontem, quem circulava pelo Terminal Rodoviário João Goulart, em Niterói, observava condutores sem uniforme ao volante dos coletivos. Cerca de 50 rodoviários fizeram um apitaço no terminal. Gritaram palavras de ordem e bateram na lateral dos ônibus, hostilizando motoristas que não aderiram a greve.
Segundo Márcio Barbosa, do Setrerj, ao contrário das denúncia dos rodoviários, não houve desvio de função dos motoristas que estão trabalhando. De acordo com Barbosa, o sindicato orientou que os motoristas trabalhassem com outras camisas que não fossem o uniforme para evitar represálias de quem tivesse fazendo piquete.
"Não há no volante um profissional que não tenha carteira D. Colocamos sim, nossos auxiliares em carros particulares para buscar os motoristas em casa", disse ele.
Na avaliação de Barbosa, a greve tem conotação política devido às próximas eleições na entidade. Os profissionais não aceitaram a proposta de aumento de 10% oferecida pelas empresas. Ainda segundo o superintendente, hoje o salário bruto do motorista é de R$ 1.438,42 e o do cobrador, de R$ 791,83.
"O reajuste tarifário foi de 5,5% e as empresas estão oferecendo aumento de 10%", afirmou Barbosa. O diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários e Passageiros de Niterói à Arraial do Cabo, Wilson Costa, disse que a adesão dos rodoviários foi de 90%. Segundo ele, integrantes do sindicato rodaram desde cedo pelos municípios e constataram que apenas três ou quatro ônibus de cada empresa estavam circulando. "Não estamos fazendo piquete nem qualquer tipo de manifestação. É um movimento pacífico", disse Wilson.
Diferentemente de seu diretor, o presidente do sindicato, Joaquim Miguel Soares, é contra a greve: "Os sindicatos do Rio e de Caxias concordaram com a oferta de 10% de aumento. Por que Niterói tem que ser diferente?"
Centenas de pessoas amanheceram nos pontos de ônibus de Niterói e municípios vizinhos. Para não se atrasar ao trabalho, muitos resolveram tirar os carros da garagem. O resultado foi um trânsito bastante complicado desde o início da manhã. Quem não tinha carro ou não conseguia carona encontrava dificuldade para chegar ao seu destino. A universitária Jordana Alves, de 22 anos, decidiu pegar um táxi para ir para o trabalho, no Centro do Rio. Ela demorou 30 minutos para encontrar um que estivesse vazio.
Já o motorista de transporte escolar, que tinha deixado o veículo estacionado em Icaraí, Max Luciano Correa, resolveu ir trabalhar de bicicleta, para evitar ficar preso no trânsito.
As escolas particulares de Niterói também foram afetadas. Em Icaraí, o Colégio São Vicente de Paulo teve baixa frequência. De acordo com funcionários, as provas foram canceladas. O Instituto Abel também teve a frequência reduzida. A unidade buscou alguns funcionários em casa.
Por meio de nota, a Barcas S/A informou que transportou, até as 10h desta quinta-feira, 22.700 passageiros na linha Praça Araribóia-Praça Quinze - movimento 18,9% maior que o registrado quinta-feira da semana passada. Não foi necessário realizar viagens extras. Já na linha Praça Quinze-Charitas, houve um aumento na demanda de 19% em relação à semana passada e três viagens extra foram realizadas no trajeto até as 10h.
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