Greve dos Correios não exime consumidor da cobrança de juros

As pessoas que deixaram de pagar contas em razão do não recebimento da fatura pelos Correios, que ficaram nove dias em greve, podem preparar o bolso para arcar com os possíveis juros. De acordo com a coordenadora do Procon-PR, Ivanira Tereza Gavião de Pinheiro, o consumidor sabe a data que vence as suas contas e deveria procurar uma segunda forma de pagamento, uma vez que não recebeu a fatura pelo correio. Dessa forma, a paralisação dos funcionários dos Correios, que queriam reajuste salarial, pode acabar afetando quem não tinha nada a ver com a greve.

De acordo com os Correios no Paraná, a prioridade durante o período de greve foi pela distribuição das encomendas expressas, o Sedex. Como os funcionários trabalharam num número reduzido, alguns serviços ficaram parados, como a entrega de faturas, cartas e outros tipos de encomendas comuns.

A previsão é que em no máximo nove dias a situação de entrega esteja normalizada novamente no estado. Além do material que ficou parado durante a greve e precisa ser entregue, há o movimento diário de cartas, faturas, Sedex e encomendas. A empresa alerta que algumas faturas que estão para vencer nos próximos dias talvez não sejam entregues em tempo hábil para que sejam pagas.

A orientação dos Correios, neste caso, é para que a pessoa entre em contato com as empresas credoras para tirar uma segunda via da conta ou ver qual a melhor forma para fazer o pagamento. De acordo com o Procon-PR, o não pagamento de contas em razão da greve dos Correios não exime a cobrança de juros.

"A pessoa sabe que tem o débito e conhece a data do pagamento. A orientação do Procon era que a pessoa precisaria procurar o credor e fazer o pagamento. A greve dos Correios não exime a cobrança de juros. Não tem como a pessoa reclamar, porque existiam outras formas de pagamento, como a retirada da segunda via dos documentos, que não foram entregues pelo correio", afirmou Ivanira.

Apesar das empresas poderem cobrar multa, algumas preferiram não penalizar os usuários. A Brasil Telecom, empresa de telefonia, afirmou que todas as faturas recebidas com a data de pagamento vencida poderão ser pagas sem multa e sem a necessidade da segunda via. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, as contas, mesmo que vencidas, precisam ser pagas para evitar a suspensão do serviço. (Leia a nota ao lado)

De acordo com a assessoria de imprensa da GVT, também do ramo de telefonia, somente os clientes com datas de vencimento nos dias 20 e 28 poderiam ser atingidos em razão da greve dos Correios. Para essas pessoas, segundo a assessoria de imprensa, foram dados mais 10 dias de prazo a partir desta segunda-feira (24) para que as faturas sejam pagas sem juros. Mesma que a cobrança não chegue em tempo, há a opção das casas lotéricas, assim como a operadora Brasil Telecom, onde com o número do telefone o cliente consegue retirar a segunda via da conta.

Prioridades e hora extra

Na volta ao trabalho, todas as entregas são prioridade para os Correios. No entanto, a escala de importância se divide da seguinte forma: encomendas expressas (Sedex), encomendas registradas, malotes, faturas e cartas, segundo a assessoria de imprensa dos Correios no Paraná. Nos nove dias de paralisação não foram realizados os serviços de Sedex Hoje e de Sedex 10, pois não havia como garantir a data de entrega das encomendas.

Para cumprir o prazo para a normalização das entregas, os Correios cogitam até o trabalho em hora extra. "Trabalhar o dia inteiro e, se necessário, horas extras e trabalho no fim de semana para aqueles (funcionários) que desejarem", afirmou Paulo Araújo, assessor dos Correios no Paraná, em entrevista ao ParanáTV.

Situação no interior

Durante a greve, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, cerca de 50 mil cartas deixaram de ser entregues. Segundo o gerente de vendas da região, Osmar Eyng, os trabalhadores deverão fazer duas horas a mais de trabalho, em cumprimento ao acordo estabelecido.

Em Foz do Iguaçu, na Região Oeste, cerca de 100 mil correspondências terão que ser entregues nos próximos dias. A prioridade são as cartas registradas e correspondências urgentes, como faturas e boletos bancários.

A direção do Sitcom-PR (Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná) em Maringá, no Noroeste, estima que a entrega de correspondência na cidade seja normalizada até sábado (29).