Atualizado em 09/03/06 às 19h
Terminou oficialmente no fim da tarde desta quinta-feira (9) a greve dos motoristas e cobradores de Curitiba e região. Em reunião no Ministério Público do Trabalho (MPT), os trabalhadores e as empresas de transporte selaram acordo e fixaram em 5% o reajuste salarial da categoria.
Durante o dia, os trabalhadores votaram se eram a favor da proposta patronal. Às 15h começou a apuração que resultou na aprovação do reajuste dos 5% por cerca de 83% dos votantes. Dos 2.200 trabalhadores que votaram, apenas 314 foram a favor da manutenção do estado de greve.
O dia mais crítico da greve dos motoristas aconteceu na terça-feira (7). Os trabalhadores cruzaram os braços e tornaram a vida dos moradores de Curitiba e região num caos. Além da falta de condução, o trânsito ficou abarrotado de carros.
A greve
A greve deixou quase um milhão de pessoas sem transporte. Algumas ruas, como a Avenida Visconde de Guarapuava, ficaram com o trânsito lento em praticamente toda a terça. As ruas estavam tão tumultuadas que os pedestres tiveram dificuldades em atravessá-las.
Durante o período da manhã, os grevistas destruíram um terminal e depredaram mais de cem ônibus. Também fecharam canaletas para impedir a passagem dos veículos. Durante a tarde, uma reunião de emergência com representantes do Sindicato dos Motoristas e Cobradores nas Empresas de Transporte de Passageiros (Sindimoc) e Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) foi organizada na Delegacia Regional do Trabalho.
Após quase duas horas de conversas, ficou decidido que 60% dos ônibus deveriam voltar a transportar passageiros nos horários de pico. A decisão foi determinada pelo procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ricardo Bruell da Silveira.
Na quarta-feira (8), o transporte coletivo estava praticamente com 100% de sua frota nas ruas. Não houve incidência de novos piquetes e o Sindimoc declarou que seus funcionários estavam em "estado de greve".
Após inúmeras reuniões entre Setransp e Sindimoc, os patrões reafirmaram a oferta de reajuste salarial de 5%. Os trabalhadores reivindicavam 11%. A proposta patronal foi novamente à votação na manhã desta quinta. Por volta das 18h, foi divulgado que a greve finalmente se acabara e que a proposta de 5% foi aceita pelos funcionários.
Prejuízos
Segundo o Setransp, o prejuízo causado pelo dia parado e o vandalismo foi superior a R$ 100 mil às empresas de ônibus. Dos 2.653 veículos, 213 foram depredados, 317 pneus foram queimados, esvaziados, furados ou rasgados e 64 vidros quebrados. Além disso, cinco chaves de ônibus foram roubadas, um ônibus foi parcialmente incendiado e parte de um motor foi destruída.
A prefeitura também registrou danos em duas cabines e floreiras no Terminal do Capão Raso.
Lotações
A Urbs cadastrou proprietários de veículos de passageiros interessados em fazer o trabalho de lotação durante a greve de terça. Os veículos cadastrados receberam um adesivo com a autorização da Urbs que devia ser fixado no pára-brisa do veículo.
O preço máximo que cada lotação pôde cobrar por passageiro foi de R$ 4. Cerca de 500 veículos foram autorizados para transportar passageiros.
Serviços públicos
Alguns setores dos serviços públicos foram prejudicados por causa da greve. De acordo com o site da Prefeitura de Curitiba, o número de atendimentos ficou 30% abaixo da média nos postos de saúde.
Das 439 creches e escolas, pelo menos 20 não funcionaram e outras 73 tiveram funcionamento precário. Um dos bairros que mais sofreram com a greve foi Pinheirinho. No bairro, dos 22 órgãos de educação, 14 ficaram sem atendimento.
Os serviços de coleta do lixo, ainda segundo a prefeitura, sofreram uma redução de quase 60% no período da manhã. Dos 46 caminhões que funcionam normalmente, apenas 21 puderam fazer os serviços no início do expediente por falta de funcionários.
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