Prefeito culpa queda na arrecadação
Nesta quarta-feira, o prefeito de Araucária Olizandro Ferreira (PMDB) se disse impossibilitado de conceder qualquer reajuste neste momento. "A riqueza engoliu a cidade rica e, infelizmente, a bomba estourou na minha mão. A obra da Petrobras, nos últimos três anos, trouxe 20 mil pessoas para a cidade, que quando acabou, foram embora. A prefeitura aumentou os gastos, contratou funcionários, elevou em R$ 100 milhões a folha de pagamento. O que aconteceu foi que assumimos com todos os índices estourados."
Ferreira diz que a proposta feita por ele foi de conceder a reposição da inflação aos salários no primeiro quadrimestre do ano que vem. "Nosso orçamento previsto para o ano que vem está dando R$ 80 milhões a menos que no ano passado. Nós nesse momento estamos impossibilitados pelo caixa da prefeitura. Não podemos conceder reajuste maior porque o índice [gasto com folha de pagamento] está fora do que estabelece a Lei".
A greve dos servidores de Araucária deve continuar a afetar serviços essenciais da cidade pelos próximos dias. Segundo o Sindicato dos Funcionários Públicos de Araucária (Sifar), não houve avanço nas negociações com a prefeitura e as categorias mobilizadas não pretendem voltar ao trabalho. Uma mobilização está marcada em frente à Câmara Municipal a partir das 8h desta sexta-feira (6).
Na quinta (5), os grevistas promoveram uma manifestação em frente à prefeitura durante todo o dia. As negociações estão travadas porque a prefeitura alega não ter dinheiro para conceder o aumento antes do início de 2014.
A estimativa do Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Araucária (Sismmar) é de que 3 mil servidores tenham aderido à greve. No total, Araucária conta com 5 mil funcionários públicos efetivos. Dos que estão parados, 1,8 mil são professores (a cidade conta com 2,2 mil educadores). A saúde mantém 30% dos trabalhadores e a Guarda Municipal, segundo o sindicato, está com as atividades paralisadas.
"Queremos uma reunião para ver se o prefeito apresenta de fato uma proposta. O que ele apresentou da última vez foi uma carta dizendo que município não tem como pagar antes do primeiro quadrimestre de 2014. Queremos, além do reajuste, promoções e progressões, implantação da hora atividade e melhores condições de trabalho", disse a diretora sindical do Sismmar, Dirleia Aparecida Matias.
Outro lado
A Prefeitura de Araucária tem um balanço com números diferentes que os apontados pelo sindicato. Rodrigo Lichtensels, secretário de gestão de pessoas, relata que 40% do total de servidores está de braços cruzados. Nas contas dele, 1,2 mil funcionários da educação e 200 da saúde estão parados. O número que falta para chegar aos 40% corresponde a trabalhadores de outros setores.
Segundo Lichtensels, a educação tem 50% dos serviços afetados e em algumas escolas há sim aulas. "Desses 50% de estabelecimentos que estão aberto, muitos locais estão sem alunos porque o sindicato avisou que não teria aula. Várias escolas, claro, têm número reduzido de funcionários. Em tese, não alterou em relação a ontem, quando tínhamos nove escolas fechadas, 21 parcialmente abertas, sem alunos, e 12 com funcionamento normal."
O secretário informou que a saúde teve paralisação de 15% dos servidores, mas que os que estão nos seus postos trabalham em ritmo lento. Ele reforça que o atendimento de emergência é garantido em todas as unidades e que apenas um centro de especialidade, que atende pacientes agendados previamente, está fechado.
Outros setores também são afetados. A Guarda Municipal, segundo ele, também aderiu a greve, mas os agentes compareceram ao quartel. Eles ficam no interior do prédio e um efetivo de apenas 30% sai às ruas para fazer a guarda do patrimônio público. A Secretaria de Obras tem 50% de adesão e nenhum serviço prestado na prefeitura é afetado, conforme o chefe da pasta municipal.
Greve afetou saúde e educação na quarta
Durante o início da greve, nesta quarta, das 42 escolas do município, apenas cinco continuaram com atividades parciais durante o dia, mas em nenhuma delas houve aula. A informação é de balanço do Sismmar, que apontou ainda que três unidades de pronto atendimento e as 22 unidades de saúde de Araucária funcionaram durante o dia com apenas 30% do efetivo que trabalha em dias normais, implicando no cancelamento de atendimentos não urgentes. A situação, conforme o sindicato, é parecida nesta quinta.
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