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Foz do Iguaçu – Sentido-se desamparado pelo governo federal, um grupo de 60 índios avá-guarani da Região Oeste do estado está recebendo apoio do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) na luta para conseguir uma nova aldeia. Eles estão acampados há quatro meses em uma área situada no assentamento Antônio Tavares, nos limites de Santa Terezinha de Itaipu e São Miguel do Iguaçu, próximo à BR-277, onde costumam dançar e orar para pedir a Deus comida e terra.

O líder do movimento, cacique Lino César Pereira, 27 anos, diz que o grupo pretende ficar no acampamento até conseguir um lugar definitivo para viver. Antes de pedir abrigo ao MST, os índios moravam na Reserva de Santa Rosa do Ocoí, uma área de 251 hectares, situada em São Miguel do Iguaçu, que se tornou pequena para acomodar cerca de 600 pessoas, entre adultos e crianças. Para pressionar as autoridades a solucionar o problema, eles ocuparam o Parque Nacional do Iguaçu em setembro do ano passado, mas foram retirados dois meses depois.

Lino conta que a situação das famílias acampadas está difícil. Por estarem oficialmente fora da Ocoí, elas não recebem cesta básica e estão sobrevivendo com alimentos doados pelo MST e pela comunidade. "Os sem-terra tornaram-se nosso órgão oficial. Deram espaço para vivermos e comida", diz.

Nesta semana, para aproveitar os festejos do Dia do Índio, os guaranis abriram o acampamento à comunidade. Eles estão vendendo artesanato, orando e fazendo apresentações artísticas para estudantes e a população em troca de um quilo de alimento. "Por meio da dança pedimos a Deus terra", diz o adolescente indígena Celso Alves, 16 anos.

Nildemar da Silva, do MST, diz que o movimento acolheu os índios porque eles não tinham lugar para ficar. "É uma questão de solidariedade em torno da causa dos índios no Brasil. São 500 anos de exploração indígena", enfatiza.

De acordo com a Itaipu Binacional, o drama dos índios acampados no assentamento do MST está perto do fim. Jair Kotz, que atua no setor de sustentabilidade indígena da Itaipu, diz que está em fase final de negociação uma área de 232 hectares para os índios em Diamante D´Oeste. A terra, que deve ser adquirida pela Fundação Nacional do Índio (Funai), abrigará 30 famílias, incluindo as acampadas no assentamento do MST e outro grupo avá que deixou a reserva do Ocoí há mais de um ano e vive provisoriamente em outra área de Diamante D’Oeste.

Segundo Kotz, a falta de terra para os índios na região é preocupante. O inchaço populacional nas aldeias é estimulado não só pelo crescimento das famílias locais, mas pela vinda de parentes dos guaranis do Paraguai e da Argentina.

Na opinião do professor de sociologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Afonso Oliveira, os índios assimilaram o pensamento do branco e uma das conseqüências é a reivindicação de terras e benefícios. No entanto, o Oeste está desprovido de áreas propícias para eles sobreviverem.

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