A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro tornará compulsória a notificação da Síndrome de Guillain-Barré, doença neurológica autoimune que pode levar à paralisia e tem sido associada à infecção por zika. Só no mês passado, o Hospital Universitário Antônio Pedro, da Universidade Federal Fluminense, em Niterói, teve seis pacientes internados com sintomas da doença. Somados aos casos notificados ao estado mês passado, o número de pacientes com a síndrome chegou a 15 no Rio em janeiro – três vezes a média histórica.
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“Desde junho o Rio tornou obrigatória a notificação de síndromes neurológicas em pacientes com sintomas de exantemas (manchas vermelhas). Mas vamos ampliar essa notificação para podermos formar série histórica”, afirmou. Os casos do Antônio Pedro, por exemplo, não foram comunicados ao estado.
Os pacientes que chegaram ao hospital universitário são jovens, que tiveram quadro compatível com o de zika entre 10 e 20 dias antes do surgimento dos sintomas de fraqueza muscular e perda de sensibilidade. Dois pacientes ainda estão internados. Um deles respira por aparelhos na Unidade de Terapia Intensiva: os pulmões também foram afetados pela síndrome e estão paralisados. O outro também precisa de cuidados intensivos, mas não há vagas na UTI. Amostras do sangue e do líquor (líquido que percorre a medula espinhal) dos pacientes foram para a Fiocruz.
Na síndrome, o sistema imunológico ataca por engano a bainha de mielina (espécie de capa de proteção dos nervos periféricos). “Os pacientes que atendemos foram acometidos também no sistema nervoso central. Isso pode significar o comprometimento de algumas regiões do cérebro e da medula. Estudos vão demorar até seis meses”, afirmou Osvaldo Nascimento, neurologista e presidente da seção Rio da Associação Brasileira de Neurologia (ABN-RJ).
Dificuldades
O Antônio Pedro já enfrenta dificuldade para tratar esses pacientes. Nascimento informou que foi preciso tomar emprestado de outros hospitais da rede pública imunoglobulina, composto utilizado para desativar os anticorpos que agem contra a bainha de mielina. “A preocupação é chegar mais paciente e não termos como atender. Falta material de custeio”, afirmou Nascimento. Já o subsecretário de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde, Alexandre Chieppe, negou dificuldades. “O Sistema Único caminha os medicamentos para o Estado. Não há falta de medicamentos”, afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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