A auxiliar de serviços gerais Daniele Gomes, 20 anos, mora e trabalha no Jardim União. "Com orgulho", diz. Quando pôs o pé na vila, junto com a mãe e a irmã, fugitiva de um pai violento, a ocupação estava começando. Havia barracos de lona e nada de água e luz. Os terrenos eram delimitados por arames ou cordas. A rua era apenas um carreiro no meio do mato.
"No começo foi bem difícil. Minha mãe não tinha emprego e nós dependíamos da ajuda da comunidade. Demorou um ano para que ela conseguisse emprego de doméstica", lembra. A partir de então tudo começou a melhorar. Daniele estudou, cresceu e, aos 17 anos, virou mãe. Foi atrás de emprego. Hoje, trabalha na limpeza e como merendeira da ONG Voice for Change no Jardim União, que atende crianças da comunidade.
Juarez de Souza Pereira, 49 anos, trabalhador da construção civil, diz que não quis nem saber de se mudar, mesmo depois do falatório sobre a falta de segurança de sua comunidade, o Jardim União. Ele é parte do grupo de 150 homens que chegaram primeiro ao local. "Sou o único que permanece até hoje", diz com orgulho.
Ele conta que, no começo, era tudo pasto, mas tudo bem organizado. "Os organizadores da ocupação demarcaram toda a vila, as ruas. Não tínhamos becos, ruas sem saída e tudo era desenhado em um mapinha", lembra.
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