Onivaldo Cassiano: ajuda de 30 amigos e milagre pelas mãos dos médicos| Foto: Roberto Custódio/Jornal de Londrina

Após mais de um mês de internação, o gerente de vendas Onivaldo Cassiano, de 49 anos, que passou por uma cirurgia cardíaca de 51 horas no Hospital Evangélico de Londrina, Norte do Paraná, voltou para casa na última segunda-feira (25) e diz que não vê a hora de voltar a trabalhar. Internado no dia 21 de julho e operado entre as 7h30 do dia 28 e as 10h30 do dia 30, Cassiano ficou mais dez dias na UTI e outros 15 no quarto do hospital.

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O paciente relata que passou praticamente os últimos dois dias inteiros sentado, em casa. "De vez em quando dou uma caminhada pelo corredor", conta. "À noite vou deitar, para dormir". Impedido de fazer esforços físicos, o gerente de vendas de uma concessionária de automóveis recebeu a recomendação de ficar em casa por, pelo menos, mais 30 dias. "Aí já quero voltar a trabalhar", diz, justificando que seu trabalho não exige nenhum tipo de esforço. "Quando a gente fica só em casa, fica sem saber o que fazer", reclama.

Cassiano lembra que algumas semanas antes da cirurgia ainda jogava futebol com os amigos. Em abril, durante exames de rotina, descobriu que tinha um aneurisma de aorta, principal irrigação sangüínea do corpo. Como a anomalia poderia levar a uma ruptura do órgão, ele decidiu passar pela intervenção. "Sabia que ia ser de risco, já que envolvia o coração, mas nunca imaginei que fosse dar tanto trabalho". Ele conta que em toda a vida jamais havia passado por uma cirurgia. "Agora vou pensar quatro vezes antes de decidir fazer outra", brinca.

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Depois de dez dias internado na UTI, somente quando chegou ao quarto Cassiano descobriu que havia ocupado tanto tempo da equipe médica. "Para mim, foi dormir e acordar já operado", explica. "No quarto é que me contaram que fiquei 51 horas na mesa de cirurgia".

Durante o tempo, Cassiano sorveu quase 400 bolsas de compostos sangüíneos sem que houvesse coagulação – algo equivalente a trocar por 20 vezes todo o sangue do corpo. O paciente contou que mais de 30 amigos se revezaram em doações de sangue e na atenção à família. Enquanto isso, o médico Francisco Gregori Júnior chegou a cochilar no chão para descansar um pouco.

A equipe se revezou por mais de 15 horas segurando o tórax aberto de Cassiano com as mãos, enquanto compressas tentavam conter a hemorragia. "Até que o coração voltou a bater forte e bonito. Sabia que uma hora teria que coagular", disse, na época, Gregori. Segundo o médico, pacientes que ultrapassam a 10ª hora de cirurgia têm apenas 2% de chance de sobreviver.

Agora em casa, enquanto se recupera aos cuidados de familiares, Cassiano realiza sessões de fisioterapia – para recuperar movimentos de maior esforço – e toma uma série de medicamentos. Os próximos exames de acompanhamento estão marcados para sábado (30).

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