Chuvas vão até sexta, mas menos intensas
Agência Estado
As chuvas devem continuar no Rio de Janeiro ao menos até a próxima sexta-feira, segundo previsão da Climatempo. O tempo deve continuar fechado e a partir de hoje, a previsão é que a intensidade da chuva varie entre fraca e moderada. A temperatura deve ficar entre 18º e 25ºC.
Embora a previsão seja de mais chuvas para as próximas 48 horas, não há expectativa de temporais. De acordo com o professor da Escola Politécnica da UFRJ Jorge Prodanoff, temporal como o de ontem só deve ocorrer novamente daqui a meio século. "Essa foi uma chuva excepcional."
Segundo a Climatempo, a queda da temperatura está associada à massa de ar polar de intensidade moderada a forte que acompanha a frente fria. A partir de sábado, o tempo deve começar a melhorar no Rio, porém ainda há possibilidade de chuva fraca.
Santos Dumont tem 60% dos voos cancelados
Mais de 60% dos voos programados para o aeroporto Santos Dumont, no Rio, foram cancelados ontem, segundo a Infraero. Das 6 até as 17 horas, dos 114 voos previstos para o Santos Dumont, 30 (26,3%) atrasaram e 71 (62,3%) foram cancelados. O Santos Dumont fechou duas vezes. Na primeira, a pista ficou fechada das 6h23 às 9h10. Já na segunda, das 11h50 até as 12h23, apenas as decolagens foram suspensas.
Com o fechamento do aeroporto, o terminal de Congonhas, em São Paulo, acumulou filas de passageiros no saguão após cancelamentos de viagens. Segundo a Infraero, dos 165 voos previstos até as 17 horas, 64 atrasaram e 32 foram cancelados. Desses 32 cancelados, 25 tinham como destino o Rio de Janeiro.
O fluxo de passageiros em Congonhas começou a ser normalizado no início da tarde de ontem, mas o aeroporto ainda opera por instrumentos devido à chuva que atinge a capital paulista. No entanto, os pousos e decolagens funcionam normalmente.
Já o Galeão, também no Rio, registrou 41 atrasos nos 86 voos programados. Nenhum voo foi cancelado.
Rio de Janeiro - Pelo menos 103 pessoas morreram no maior temporal da história do Rio de Janeiro. Em 14 horas, das 17 horas de segunda-feira às 8 horas de ontem, choveu 278 mm na cidade, três vezes a média prevista para todo o mês de abril, que é de 90 mm. O volume também superou a marca histórica de 1966, quando foram registrados 245 mm em 24 horas.
O Rio viveu um dia de caos ontem. Pelo menos 1,4 mil pessoas ficaram desabrigadas, cerca de 400 desalojadas, 56 feridas e quatro desaparecidas. Escolas públicas e particulares cancelaram as aulas e 12 bairros ficaram sem energia elétrica. No início da tarde, o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes pediram para que a população não saísse às ruas, já que todo o sistema de transporte foi prejudicado. Já na noite de segunda-feira, a água impedia a circulação de carros e ônibus nas principais ruas e avenidas e deslizamentos de terra bloqueavam vias importantes. Com isso, milhares de pessoas não conseguiram voltar para suas casas e passaram a noite na rua. Muitos abandonaram seus carros em meio à enchente. Das 17 horas de segunda-feira às 15 horas de ontem, a Defesa Civil da capital registrou 552 chamados.
Ontem, a ponte Rio-Niterói ficou fechada durante duas horas e cerca de 60% dos voos atrasaram no aeroporto Santos Dumont, que ficou fechado por quase três horas. A circulação de trens foi interrompida no ramal Saracuruna, e em outros trechos paradas foram canceladas. Empresas dispensaram seus funcionários e o Centro da cidade ficou praticamente deserto. A maré alta contribuiu para agravar os alagamentos. Na lagoa Rodrigo de Freitas, cartão postal da cidade, a prefeitura afirmou que o nível da água, que geralmente é de 50 centímetros, atingiu 1,4 metro pela manhã.
A tragédia levou o presidente Lula, que estava no Rio, a apelar a Deus. "Quando o homem lá em cima está nervoso e faz chover, só temos que pedir a Ele para parar a chuva no Rio de Janeiro e que a gente possa tocar a vida na cidade", disse Lula.
Áreas de risco
Lula determinou que 40 agentes da Força Nacional e um helicóptero fosse enviados ao Rio e pediu que os moradores de áreas de risco deixassem suas casas e buscassem abrigo com parentes. "Quem mora em beira de córrego, em encosta de morro, em área que possa ter deslizamento, por favor, saia e espere a chuva passar. Vá para a casa de um parente, procure a prefeitura. Só tem chance de brigar para melhorar sua vida se tiver vivo. Não fique arriscando neste momento, porque não ajuda", disse o presidente, depois de uma conversa com o governador Cabral. "Não existe ser humano no planeta Terra que consiga enfrentar uma mudança de clima como essa. É a maior chuva da história do Rio de Janeiro. Não há possibilidade de o homem vencer se a intempérie for demais."
Lula e Cabral atribuíram a tragédia a anos de "irresponsabilidade e demagogia" de governantes que permitiram a ocupação de áreas de risco pela população pobre. "A demagogia levou a essa situação. Pessoas morarem em áreas de risco não é natural. Você pode ter uma ou outra vítima de um poste que cai na cabeça, de um carro que entra em um buraco. Mas faça um levantamento do número de pessoas que morrem. São os mais pobres, em áreas de risco", afirmou Cabral, que decretou luto oficial de três dias no estado. "Os transportes ficam caóticos, mas não matam ninguém. Tudo isso é muito ruim, mas não é tão dramático quanto perder vidas."
O prefeito Eduardo Paes evitou discutir ações de ocupação irregular no passado e se concentrou nos apelos à população. "Todas as áreas de encosta da cidade correm risco de deslizamento. Nosso apelo é para que as pessoas nas áreas de encosta saiam de suas casas. É inaceitável que permaneçam correndo risco", disse.
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