Um incêndio de grandes proporções atingiu o Morro do Araçatuba, em Tijucas do Sul, no Paraná, no último domingo (17). A queimada durou cerca de dez horas, das 11h às 21h, quando foi totalmente controlada pelas equipes do 6º Grupamento de Bombeiros e do Grupo de Operações de Socorro Tático. Na segunda-feira (18), as equipes voltaram ao local para um sobrevoo de verificação das áreas queimadas, mas nenhum novo foco foi encontrado.
O Instituto Ambiental do Paraná (IAP), com o apoio de informações recolhidas do Corpo de Bombeiros, investiga as causas do incêndio.
“Precisamos ver quais foram as causas o que propagou e se há responsáveis. Se o foco inicial for perto de uma trilha, por exemplo, há grandes chances de que a causa tenha sido humana”, explicou Harvey Schlenker, chefe do Departamento de Unidades de Conservação do IAP.
Segundo Schlenker , não é raro que pessoas sejam flagradas realizando fogueiras ao longo das trilhas. Neste final de semana, montanhistas encontraram um grupo alimentando uma fogueira no Pico Paraná, a montanha mais alta do Sul do Brasil.
“É muita irresponsabilidade, ainda mais nessa época do ano em que as condições são favoráveis [para que os focos de incêndio se alastrem]”, completa Schlenker.
Incêndios no Paraná
Segundo o coronel Lacerda, do Comando do Corpo de Bombeiros do Paraná, de janeiro a julho 3.884 ocorrências de incêndio foram registradas em todo o estado. Curitiba é campeã de casos, com 228. Cascavel, no Oeste do estado, está em segundo, com 174. Seis pessoas já foram atingidas direta ou indiretamente pelo fogo descontrolado, mas o estado não contabiliza vítimas em 2016.
De perto
O montanhista Elton Antonio Sobrinho, vice-presidente do Clube Paranaense de Montanhismo (CPM), testemunhou o acidente ambiental. “No último domingo, resolvemos ir para o Araçatuba pela manhã. Começamos a caminhar por volta das 11h. Quando chegamos perto da rampa, quando a trilha começa a inclinar, observamos um grupo de umas doze pessoas não-montanhistas. Andamos um pouco mais e logo vimos a fumaça ao lado da trilha”, contou. Ele e seus amigos estavam divididos em dois grupos, e usaram toalhas para tentar conter o foco, mas o incêndio se alastrou rapidamente. A esposa de Elton foi a responsável por acionar os Bombeiros.
“Ventava muito na hora da ocorrência. E, apesar da chuva do dia anterior, a vegetação estava muito seca. Quando começamos a agir o fogo já tinha se espalhado”, relatou o montanhista, que, junto com os amigos, deixaram o pico logo depois, a pedido dos bombeiros. “Em nenhum momento corremos risco, mas as imagens são assustadoras. O fogo correu rápido”, completa.
Além das guarnições de emergência dos bombeiros, a brigada de incêndios florestais da Federação Paranaense de Montanhismo (FEPAM) também ajudou no controle do fogo.
Preocupação dos montanhistas
“As montanhas da Serra do Mar não têm fiscalização por parte do governo. É uma situação bem complicada”, desabafa Sobrinho. Segundo ele, o Clube Paranaense de Montanhismo tem um projeto de cadastramento para regular a passagem de pessoas pela Serra do Mar, mas ele não está em vigor. “As pessoas estão indo sem preparo, e inclusive estão saindo da trilha. Isso ocasiona problemas como vandalismo, aumenta o impacto ambiental, gera transtorno para as equipes de resgate”.
José Carlos Lorenzatto, secretário do CPM, conta ainda que é grande a quantidade de pessoas que desrespeita o meio ambiente ao longo das trilhas. “Muitas pessoas que têm frequentado essas montanhas não dão a mínima para a natureza. A degradação de trilhas tem aumentado consideravelmente e isso gera um passivo muito grande para a natureza”, diz. Ele também defende fiscalização mais rigorosa por parte dos órgãos do governo. “Se esse incidente foi provocado pela ação do homem, é muito difícil descobrir a identidade de quem o fez. Não tem como saber quem eram as pessoas que estavam na montanha no momento do incêndio”, finaliza.
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