As cerca de 80 famílias sem-teto que acampam no estacionamento da catedral de São Sebastião, no centro do Rio de Janeiro, foram avisadas pela cúpula da igreja de que deverão deixar o local até quinta-feira (24).

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O prazo foi confirmado pelo vigário episcopal Roberto Lopes, que representa o arcebispo do Rio, cardeal Orani Tempesta, na negociação com os ocupantes.

O grupo, que foi expulso há uma semana da chamada favela da Oi, no Engenho Novo (zona norte), promete resistir caso não recebam moradias da prefeitura.

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"O que nós podíamos fazer, nós fizemos. Se não liberarmos o espaço na quinta-feira (24), a empresa que controla o estacionamento pode nos processar", disse o vigário Roberto Lopes.

Líder informal dos ocupantes, o vendedor de salgados Rodrigo Moreira, 34 anos, disse que o grupo só sairá se receber uma garantia de teto.

"Se não resolver, a gente não sai daqui, não. Mas acho que eles não vão querer a gente aqui mais um fim de semana", afirmou.

Segundo os ocupantes, a prefeitura não enviou representantes ao local nesta terça-feira (22). Era ponto facultativo no Rio, e as repartições emendaram o feriado de Tiradentes com o de São Jorge, que cai nesta quarta (23).

O cardeal Tempesta se mantém em silêncio sobre a ocupação, iniciada na última quinta-feira (17), quando as famílias foram expulsas de um acampamento em frente ao edifício-sede da prefeitura.

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Ele determinou o fechamento da catedral e cancelou as celebrações da Semana Santa que aconteceriam lá.

"A igreja não fechou suas portas para os pobres, e o cardeal não está omisso. Mas não é o momento para ele falar", disse o vigário Roberto Lopes. "Isso é um problema do Estado. O que a igreja pode fazer é a mediação."

A área ocupada pelas famílias ocupa uma pequena faixa do estacionamento, com 52 vagas. A diária é de R$ 27. O gerente da garagem disse que a empresa Espar ainda não teve prejuízos.

"O estacionamento não está lotando, tem capacidade ociosa. Mas isso aí não vai poder ficar para sempre", disse.

Voluntários e sindicalistas têm apoiado a ocupação com a entrega de quentinhas, roupas e mantimentos. A igreja liberou dois banheiros para os sem-teto, que fazem a limpeza em esquema de mutirão.

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