Começo esta coluna me desculpando pelo erro cometido na anterior ("Vida breve a paralímpico?"), em que afirmei que a palavra "imexível" não estava registrada nos dicionários. O Aulete é um excelente dicionário e, sim, registra o adjetivo nestes termos: "Em que não se pode mexer; inalterável; inatacável; intocável". Eis um exemplo de uso, também fornecido pelo dicionário: "Magri diz que direito de greve é imexível." Dois antônimos de "imexível": alterável e mexível. O dicionário Houaiss também registra a palavra.
Ironicamente, há uns dois meses, foi essa definição dada pelo Aulete que passei a uma leitora que desejava saber sobre a existência da palavra, ou melhor, de seu registro. Na segunda pela manhã, lá estava o e-mail dela me alertando sobre o lapso absurdo. Recebi outros, como o do escritor e jornalista Ivo Pegoraro, diretor de Redação do Jornal de Beltrão. Obrigado a todos pelo alerta e peço que continuem atentos. Quem escreve em jornais (não só em jornais, é claro) não tem salvo-conduto para falar besteiras.
Tentarei fazer uma limonada desse meu limão, em resposta a um leitor sobre minha afirmação de que a palavra "imexível" é bem formada se analisada pelo aspecto linguístico e não ideológico.
É arriscado afirmar que tenha sido o ex-ministro Magri a primeira pessoa a usar "imexível"; talvez ele não seja o criador, mas certamente é o autor. O importante é que a palavra obedece a um paradigma de criação de adjetivos extremamente produtivo em nossa língua. Os sinônimos dados pelo Aulete são esclarecedores: inalterável, inatacável, intocável, donde: imexível. Há muitas centenas de adjetivos produzidos dentro desse modelo.
Acontece que "imexível", e aqui temos o aspecto ideológico, de valor, ganhou vida na boca de um ex-sindicalista e, na época, ministro do Trabalho do governo Collor. A palavra, tão brasileira, está contaminada pelo contexto. Ao contrário da inglesa "impeachment".
