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Mais de um leitor pediu que eu escrevesse sobre as palavras "paralímpico" e "Paralimpíada", termos adotados pela maioria dos grandes jornais e telejornais do país. A Folha de S. Paulo é uma exceção. De peso, aliás.

A explicação é seguinte: a mudança ocorreu em novembro do ano passado, a pedido do Comitê Paralímpico Internacional, e teve como objetivo uniformizar a grafia adotada pelos demais países de língua portuguesa. Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste já haviam adotado a palavra "paralímpico", tradução de paralympic – uma junção dos termos paraplegic e olympics.

Imagino que a maioria dos brasileiros não tenha gostado da mudança. A perda da letra "o" causa um estranhamento a nossos olhos e ouvidos. Estávamos acostumados a ouvir elogios aos nossos fantásticos atletas "paraolímpicos", a ler sobre as medalhas, os recordes quebrados. Nossos principais dicionários registram o termo "paraolímpico". E agora?

A vida segue e, com o tempo, veremos se os brasileiros vão se acostumar ou não com essas novas palavras. Se usarem "paraolímpico" e "Paraolimpíada" estarão, digamos, mais próximos do nosso jeito de formar palavras – ordinariamente mantemos o radical intacto; por isso reclamamos da perda do "o" de olímpico.

Contudo, se preferirem os termos "paralímpico" e "Paralimpíada", também estarão falando nossa língua. O tipo de composição que dá origem à palavra "paralímpico" chama-se amálgama lexical, quando se misturam de forma imprevista e arbitrária dois termos. Por exemplo, "showmício" (show+comício) e Nescau (Nestlé+cacau). O segundo termo, nos dois exemplos, não fica intacto. É o que ocorre em "Paralimpíada". O inglês é uma língua bem produtiva nesse tipo de formação de palavras.

Vamos ver qual será a escolha dos falantes da nossa língua.

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