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Transporte coletivo

Impaciência impera entre passageiros

A cozinheira Iara Américo da Costa passou mal ao ficar mais de uma hora em fila. Já a cobradora Maria Zilda Santos foi xingada por passageiros | Fotos: Brunno Covello/Gazeta do Povo
A cozinheira Iara Américo da Costa passou mal ao ficar mais de uma hora em fila. Já a cobradora Maria Zilda Santos foi xingada por passageiros (Foto: Fotos: Brunno Covello/Gazeta do Povo)

O terceiro dia consecutivo da greve do transporte coletivo em Curitiba e Região Metropolitana deu mostras de que a paciência dos usuários do sistema está em vias de se esgotar. Em meio ao número reduzido de ônibus em circulação, atrasos constantes e superlotação, começaram a ocorrer os primeiros casos de violência e hostilizações contra motoristas e cobradores. O acirramento da tensão preocupa. A Guarda Municipal já traçou um plano de atuação. Caso a paralisação perdure, a corporação vai remanejar suas equipes, destinando-as prioritariamente a terminais e canaletas de expresso.

"Vamos fazer este reforço para que o patrimônio seja preservado e, principalmente, para se preservar a integridade física e moral do cidadão. Vamos redobrar a atenção, para evitar que se perca o controle da situação", disse o inspetor Cláudio Frederico de Carvalho, diretor da Guarda.

No início da manhã de ontem, passageiros promoveram um quebra-quebra e tentaram tombar dois ônibus em Itaperuçu, na Grande Curitiba. Além dessa situação, a Polícia Militar atendeu outras oito ocorrências, todas relacionadas com atos de vandalismo contra veículos do transporte coletivo.

Incômodo

Em terminais e estações-tubo, o cenário foi praticamente o mesmo ao longo de todo o dia: dezenas de pessoas se acotovelando nas longas filas, empurra-empurra para tentar embarcar, corre-corre na hora do desembarque, cenhos franzidos e muita reclamação. A insatisfação serviu como combustível para reações mais extremadas, que beiravam a violência.

"A gente tem é que meter fogo em tudo isso aqui. A gente paga R$ 2,70, que já é caro, e não é atendido. É palhaçada. Tem que quebrar tudo pra ver se fazem alguma coisa", bradava o porteiro Ésio Nunes. Às 17 horas de ontem, ele tentava embarcar no expresso Pinheirinho, no terminal de mesmo nome. Os ônibus passavam, mas não abriam as portas para o embarque.

Após permanecer por mais de uma hora na fila, a cozinheira Iara Américo da Costa passou mal e saiu da aglomeração. No Terminal Pinheirinho, ela tentava embarcar em um ônibus da linha Fazenda Rio Grande, aguardado por uma multidão de mais de cem pessoas. "O tempo todo tem gente falando em fazer quebra-quebra, em tacar fogo [nos ônibus]. Daqui a pouco, vai ficar igual a São Paulo e Rio de Janeiro", contou.

Em estações-tubo, como a Petit Carneiro, a fila se estendia além de 20 metros da entrada. Em outras, passageiros furavam a catraca e embarcavam nos expressos pelas portas 2 e 4, destinadas ao desembarque. Por causa disso, muitos motoristas passavam adiante dos tubos mais lotados.

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