Há muitos anos, a efetividade para a implantação de unidades de conservação não passa da assinatura do decreto que cria os redutos naturais. Essa é a opinião de ambientalistas consultados pela Gazeta do Povo. Apesar de a iniciativa ser considerada como um primeiro passo importante, geralmente ela não vem acompanhada de outras ações que poderiam assegurar a conservação.
"Fica parecendo um blefe, já que nenhuma providência efetiva é tomada", acredita Clovis Borges, diretor da ONG SPVS. Ele defende que a criação de parques deveria ser apenas uma das estratégias de conservação. Para ele, mais eficiente do que o governo comprar áreas particulares, seria remunerar os proprietários que preservam matas nativas. A preocupação é que a falta de gestão efetiva nas unidades resulte em mais degradação, com a presença de caçadores e novos casos de desmate, por exemplo. "O que está em risco não é a formalidade, mas a integridade do parque", avalia.
Para Borges, a responsabilidade é do governo e da própria sociedade, que não conseguem enxergar valor na conservação ambiental. "Todo mundo sabe que precisa de água, de equilíbrio ecológico e climático, mas não vira prioridade", diz. Ele ainda reforça que se fosse cumprida a legislação já existente, como a exigência de reservar áreas nativas em cada propriedade, já representaria mais área verde do que o país tem hoje.
Tom Grando, que coordena a ONG Liga Ambiental, acredita que a criação de unidades de conservação no Brasil, nos moldes do que acontece atualmente, não passa da apresentação de factoides. "Tudo o que é feito já é paliativo e não há perspectiva de mudança nos próximos anos", lamenta.