A chegada do Uber a Curitiba e a Londrina coincidiu com um aumento na procura de motoristas do estado pela chancela Exerce Atividade Remunerada (EAR) na Carteira de Habilitação. Esse selo é obrigatório para a pessoa possa ser parceira da plataforma tecnológica. De acordo com dados do Detran, o volume de exames realizados até outubro deste ano já é igual ao de todo 2015. E isso em um cenário de queda no total de novas habilitações emitidas em todo o país, inclusive no Paraná.
Segundo o Detran, 47,4 mil exames foram realizados entre janeiro e outubro deste ano. Mesma quantidade de 2016. A taxa de reprovação média nos dois períodos foi de 40%. Já o total de novas habilitações emitidas no estado está 15% mais baixa na comparação entre os dois períodos. Em todo o país, segundo o Denatran, foram emitidas 1,8 milhão de novas CNHs até 31 de outubro deste ano – essa quantidade é apenas 36% do que foi emitido em todo o ano de 2015. Reportagem publicada no último mês de abril pela Gazeta do Povo havia mostrado que essa é uma tendência nacional entre jovens, impulsionada pela crise econômica e por uma questão comportamental.
Para ser um motorista do Uber, a pessoa precisa ter uma carteira nacional de habilitação categoria B válida com a inscrição EAR, apresentar uma certidão de antecedentes criminais e ter acesso a um carro (não precisa ser necessariamente dela). O Uber não divulga a quantidade de motoristas cadastrados por cidade.
A chancela EAR é obtida pelos motoristas aprovados em uma entrevista com um psicólogo. Para obtê-la, o candidato precisa pagar uma taxa extra de R$ 85,83 que se soma à taxa de R$ 132,34 para renovação da CNH. O selo somente é obtido em um processo de renovação, mesmo que isso ocorra antes da data de vencimento do documento.
Coordenador de Habilitação do Detran-PR, Farid Gelasco explica que o psicólogo responsável pela avaliação pode reprovar o pedido ou reduzir o prazo de validade do documento de acordo com o que ele considerar conveniente. Em qualquer caso, porém, essa avaliação pode ser questionada pelo candidato. “O condutor que não concordar com o resultado pode solicitar uma junta para rever o resultado. Essa junta é composta por profissionais nomeados pelo governador, mas que não tem vínculo nem com o Detran e nem com a clínica”, explica.
O prazo para veredicto do recurso em Curitiba e região tem variado de 20 a 30 dias. Já no interior, segundo o Detran, não ultrapassa 60 dias.
Falta rigor, criticam parceiros do Uber
Parceiros do Uber em Curitiba têm criticado em grupos fechados de redes sociais a falta de critérios mais rígidos para selecionar os motoristas da plataforma. Segundo eles, essa “falta de rigor” ocorre justamente para que a empresa norte-americana amplie sua oferta de motoristas em países como o Brasil.
Em nota, a companhia ressaltou que o sistema de avaliação mutua entre motoristas e usuários garante que a plataforma se mantenha saudável para ambos. “O motorista parceiro avalia o usuário e o usuário avalia o motorista parceiro, sem qualquer interferência da Uber. E os motoristas precisam ter média de 4,6 (em uma escala de 1 a 5 estrelas) para continuar utilizando a plataforma. Lembrando que o usuário também pode ser desconectado da plataforma se tiver uma média baixa de avaliações ou conduta que viole os termos de uso”.
A título de comparação, um motorista que queira ser taxista em Curitiba precisa concluir um curso de relações humanas, direção defensiva, primeiros socorros, mecânica e elétrica básica de veículo promovido por entidade reconhecida pela Urbs. Essa formação tem duração de 45 horas. Após o início da operação da Uber na cidade, a prefeitura também criou novas regras de pontuação. O novo sistema entrou em vigor no último dia 25 e o taxista precisará passar por uma reciclagem, que incluir refazer esse curso, caso atinja o limite de 150 pontos. Assim como com o Uber, o futuro taxista também precisa ter a anotação EAR na sua CNH.
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