Há quase dois meses uma equipe de 290 pessoas tenta, sem sucesso, combater os focos de incêndio que ameaçam a terra indígena Arariboia, no Maranhão. Os homens do Ibama, da Funai, do Exército, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar contam tratores, carros, caminhões, helicópteros, três aviões e uma ambulância, mas nada disso tem sido suficiente.
Ao menos 185 mil hectares, área equivalente a 45% do total e a quase 260 mil campos de futebol, já foram queimados, e o fogo ameaça uma aldeia de índios isolados. Os awa-guaja, cuja população é estimada em 80 pessoas, habitam uma área próxima aos focos de incêndio.
Há ainda outros 12 mil indígenas na região atingida pelo fogo, que é um dos maiores já combatidos no país, segundo o Ibama (instituto brasileiro do meio ambiente).
Gabriel Constantino Zacharias, chefe do Prevfogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais), do Ibama, diz que o principal objetivo é proteger a área onde vivem os índios isolados e depois conter o avanço do fogo na região. A vegetação fechada e o vento facilitam a rápida propagação do fogo.
Para a equipe de combate, os madeireiros são responsáveis por parte dos incêndios. “É preciso que o Estado brasileiro busque alternativa, apoio internacional, formas de controlar esse fogo que está ameaçando a vida do povo awa-guaja, que é um povo sem nenhum contato com a sociedade brasileira e que está pedindo socorro”, afirmou Sônia Guajajara, da Arariboia e da coordenação executiva da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil).
Segundo ela, os focos são provocados, “com certeza, pela falta de proteção e pelo desmatamento ilegal que tem tomado conta de todo o território”. Para Sônia, o episódio revela a inoperância e a falta de preparo do governo para atuar em emergências.
O governo do Chile enviou ao Brasil 20 mil litros de um retardante químico que tem como objetivo atrasar a evaporação da água usada no combate ao fogo. Após a diluição, ele permite cerca de 40 lançamentos de 5 mil litros aéreos na mata, afirma Zacharias, do Prevfogo.
O Ibama também contratou 60 índios de três etnias em julho, por um prazo de seis meses, como reforço.
Segundo o Greenpeace, que sobrevoou a área no fim de semana, ainda há 64 grandes focos de incêndio na área.
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