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Um incêndio na boate Kiss em Santa Maria, na região central do Rio Grande do Sul, deixou 231 mortos e 116 feridos na madrugada deste domingo (27), de acordo com a Polícia Civil. Até o início da noite, 115 corpos já haviam sido formalmente reconhecidos e 106 feridos continuavam internados: 92 em hospitais de Santa Maria e outros 14 em Porto Alegre - sete dos quais, com queimaduras graves, estavam internados em UTIs. Na manhã desta segunda-feira (28), o governo do Rio Grande do Sul, que havia divulgado 233 mortes, corrigiu o número para 231.
Esta é a maior tragédia da história do Rio Grande do Sul, o segundo incêndio mais mortal e a quinta maior tragédia da história do Brasil. Na hora do acidente, acontecia uma festa universitária. Por isso, a maioria das vítimas era jovem com idade entre 16 e 20 anos.
O fogo teria começado por volta das 2h30, quando o vocalista da banda que se apresentava fez uma espécie de show pirotécnico, usando um sinalizador. As faíscas atingiram a espuma do isolamento acústico no teto do estabelecimento, e as chamas se espalharam. O incêndio provocou pânico e muitas pessoas não conseguiram acessar a saída de emergência. Conforme um segurança que trabalhava na boate no momento do incêndio, entre mil e duas mil pessoas deveriam estar no local durante o incidente.
Segundo informações do canal de televisão Globo News, outro fator que agravou a situação foi que a saída principal da boate foi trancada por seguranças -- para impedir que as pessoas saíssem sem pagar. Há informações de que alguns funcionários não tinham noção da gravidade do incêndio e outros achavam que o tumulto era por conta de uma briga.
O delegado Sandro Meinerz, um dos responsáveis pela investigação do incêndio, afirmou que o alvará de funcionamento do estabelecimento estava vencido na ocasião do incêndio. "A informação preliminar é que o estabelecimento funcionava com alvará vencido em processo de renovação, mas ainda não renovado" afirmou o delegado à Agência Estado.
O Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul informou que irá acompanhar as investigações.
A maior parte das vítimas fatais do incêndio não está queimada, está apenas suja, coberta de fuligem, confirmando a informação dos bombeiros de que a maioria morreu por asfixia. "Elas entraram em pânico e acabaram pisoteando umas às outras", afirmou o comandante geral do Bombeiros, coronel Guido de Melo.
Velório coletivo
Familiares iniciaram o velório dos mortos no incêndio no final da tarde deste domingo. O velório coletivo está sendo realizado em um ginásio do Centro Desportivo Municipal, ao lado do pavilhão para onde os corpos retirados da casa noturna foram levados. Alguns corpos deverão ser sepultados ainda hoje.
No local, segue também a fila para a identificação dos corpos. De acordo com a lista provisória mais recente divulgada pela Secretaria de Segurança do Estado, 185 dos 233 mortos no incêndio já foram identificados.
Além da movimentação de familiares e amigos, muitos voluntários caminham pelo local, distribuindo água e comida.
Ajuda e luto
O Hospital Universitário de Santa Maria e o Hospital de Caridade, para onde foram levados os feridos, pedem ajuda de voluntários da área médica para ajudar no atendimento. O governador do RS, Tarso Genro, decretou 7 dias de luto oficial. A presidente Dilma Rouseff também foi à cidade, também decretou luto oficial. A tragédia resultou ainda no cancelamento da agenda que marcaria a contagem regressiva de 500 dias para a Copa de 2014.
Este é o segundo maior incêndio do Brasil. A maior tragédia brasileira foi registrada em 1961, quando 503 pessoas morreram em um incêndio no Grande Circo Americano, em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro.
Os responsáveis pela Boate Kiss publicaram há pouco uma carta de pesar pelas vítimas do acidente. No comunicado, a casa ressalta que seus funcionários possuíam "a mais alta qualificação técnica e estavam treinados e preparados para qualquer situação de contingência".
Na nota, divulgada no site do estabelecimento na internet, a administração da boate afirma que a prioridade da casa é prestar atendimento aos sobreviventes do incêndio e auxiliar os familiares das vítimas fatais. "É isso o que está sendo feito com disponibilidade de informações e acompanhamento de equipe multidisciplinar (psicológicos, médicos, assistentes sociais, etc)", diz a nota.
A nota está assinada por Armando C. Neto, membro da administração do estabelecimento. Leia a íntegra da nota.
Veja algumas fotos da tragédia