Um grupo de índios ocupou na madrugada de hoje a atual sede do Museu do Índio, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro. A entrada do museu, que fica na rua das Palmeiras, foi bloqueada pelos manifestantes, e policiais da tropa de choque foram enviados ao local.
Eles protestavam contra a retirada dos 22 índios que moravam na aldeia Maracanã, localizada ao lado do estádio, ocorrida na sexta-feira.
Porém, a invasão durou pouco. Eles foram retirados por policiais federais - o museu é administrado pelo governo federal - e encaminhados à sede da Justiça Federal, no centro do Rio. Neste momento, os manifestantes negociam na Justiça a possibilidade de reativar a aldeia Maracanã. No local, o governo do Estado do Rio planeja construir um museu esportivo.
Os índios retirados na sexta-feira da aldeia Maracanã, zona norte do Rio, seriam transferidos na manhã de hoje para uma área em Jacarepaguá, zona oeste, segundo informação da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos. Os índios, porém, dizem que ainda não aceitaram a proposta e que devem decidir hoje, após visita ao local.
"Eu estou satisfeito, não sou de confusão, mas tem alguns que não queriam sair da aldeia", disse o índio Afonso Apurinã.
O cacique Carlos Tukano afirmou que estava indo para Jacarepaguá para verificar as instalações. Os índios ficarão em contêineres improvisados como moradias.
Desde sexta-feira eles estão abrigados temporariamente num hotel no centro da cidade usado como abrigo de "vulneráveis".
De acordo com o cacique Carlos Tukano, os índios estão sendo "forçados mais uma vez".Numa longa reunião com assistentes sociais ontem, os índios pediram para visitar os outros dois locais na zona norte oferecidos anteriormente pelo Estado como alternativa para a construção de uma aldeia. A primeira é uma área em Bonsucesso - no antigo Abrigo Cristo Redentor, para onde são levadas algumas das pessoas recolhidas nas ruas da cidade.A outra fica em São Cristóvão, onde há um presídio que seria demolido.
Enquanto a reunião ocorria, a assessoria de imprensa da secretaria informou que a área de Jacarepaguá era a última proposta, já que os próprios índios teriam desistido de visitar as demais áreas por terem gostado do terreno na zona oeste.
No local estão sendo construídos alojamentos temporários, diz a secretaria. De acordo com a pasta, os alojamentos têm beliches, contêiner cozinha e contêiner banheiro (um feminino e um masculino).Tukano disse que após o confronto com a tropa de choque na aldeia Maracanã, os índios ficaram sem documentos, roupas e pertences, pois tudo foi levado para um depósito em Irajá, na zona norte.
A secretaria confirmou que um caminhão entregará os pertences até 24 horas após a transferência para Jacarepaguá. A assessoria culpou os índios por não portarem documentos nem terem mudas de roupas, afirmando que eles foram avisados de que ficariam até 72 horas no hotel.
O cacique também reclamou da falta de informação sobre oito índios, dizendo que não tinha notícias sobre cinco crianças. A secretaria informou que todas estão na casa de parentes em Thomaz Coelho, na zona norte da cidade.
De acordo com os índios, um andar inteiro do hotel foi reservado para eles. A maioria dos quartos, dizem eles, não têm janela nem ventilador e são bem apertados. Ninguém pode entrar ou sair do hotel depois das 22 horas. A entrada de jornalistas no hotel não foi permitida.
Remoção
A aldeia Maracanã foi desocupada na manhã de sexta-feira com a presença Batalhão de Choque da Polícia Militar. As crianças e idosos já tinham sido retirados pela Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos quando a polícia invadiu o local. Sete manifestantes foram presos.
Homens do Choque empurraram os índios para fora na propriedade. Eles também usaram spray de gás pimenta e bombas de efeito moral. O coronel Frederico Caldas, relações públicas da PM, informou que 200 policiais participaram da ação, entre homens do Bope, do Batalhão de Choque e do 4º Batalhão da PM.
Durante a invasão da polícia, manifestantes fecharam uma pista da Radial Oeste, no sentido leste. Quatro bombas de efeito moral foram detonadas para dispersar os manifestantes que ocupavam a avenida. Um índio ficou ferido e precisou de atendimento médico.
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