Embora não identifique presença marcante de religiões não-cristãs nos bairros e nas cidades da região metropolitana de Curitiba, o livro Religião e Sociedade em Capitais Brasileiras registra que 5,5% dos curitibanos afirmam seguir "outras religiões", que não a católica e as evangélicas. Em 1991, o percentual era de 3,8%.
"Esse número mostra algo que já havíamos notado. Uma insatisfação com as religiões tradicionais e um crescimento, por exemplo, da fé oriental, em religões como budismo e seicho-no-iê. Muitas pessoas estão encontrando sua espiritualidade aí", afirma o professor de Teologia da PUC-PR, Souza Alves.
Segundo Alves, esse fenômeno não é identificado geograficamente porque esses fiéis estão espalhados pela cidade. O mesmo ocorre com religiões tradicionais, como judaísmo e islamismo.
De acordo com o trabalho da PUC-RJ, em algumas capitais há espécies de redutos de grupos minoritários, como os budistas no bairro Liberdade, em São Paulo; os espíritas no Balneário Jardim Atlântico, em Florianópolis; e os umbandistas nos bairros do subúrbio da Central do Brasil, no Rio de Janeiro.
Uma peculiaridade de Curitiba diz respeito à concentração de pessoas que declararam não ter religião. "Entre a população de renda mais baixa, percebemos uma certa divisão. É o caso de Almirante Tamandaré e Colombo. Nessas cidades temos muitos fiéis das igrejas pentecostais e um número expressivo de pessoas que não têm uma fé definida", diz Alves.
Para o teólogo, a diferença do perfil religioso dessas cidades para São José dos Pinhais e Araucária pode estar na melhor situação econômica dos dois municípios ao Sul de Curitiba.
"É uma possibilidade. Populações mais carentes tendem a se afastar do catolicismo, buscando, em alguns casos, as evangélicas. Mas precisaríamos desenvolver um estudo mais aprimorado para apostar com certeza nessa hipótese."