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Movimento tem história no Paraná

O movimento integralista tem longa tradição no Paraná. Além de concentrar alguns dos maiores grupos de militantes no século 20, o estado deu uma das mais importantes vitórias eleitorais da vida política de Plínio Salgado. Em 1955, quando se lançou como candidato à presidência da República, o líder maximo dos "camisas verdes" foi o mais votado em duas cidades do estado: Curitiba e Ponta Grossa. Ganhou de nomes de peso, como Juscelino Kubitschek, Adhemar de Barros e Joarez Távora.

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Integralismo parece uma daquelas palavras que você ouve apenas em aulas de história. Aparentemente, o movimento de Plínio Salgado em nome de Deus, Pátria e Família estaria relegado a um passado distante; pertenceria a um mundo anterior à revolução sexual e à globalização. Não é o que pensa um grupo de jovens espalhado pelo país inteiro. Prova de que eles estão de olho no presente e no futuro é a principal ferramenta de comunicação dos novos integralistas: a internet.

Para achar os integralistas curitibanos, a maneira mais fácil é o Orkut. Lá, os novos "camisas verdes" trocam idéias e agendam seus encontros. Há uma comunidade exclusivamente dedicada aos integralistas do Paraná.

"A maior parcela atualmente é de jovens de até 25 anos", afirma o paulistano Lucas Carvalho, um dos responsáveis pela administração nacional do movimento. Régerson Ribeiro, um dos líderes da Frente Integralista Brasileira em Curitiba, pertence à ala jovem: tem apenas 20 anos. Milita na Frente há dois. Agenda reuniões, cola cartazes e estuda o pensamento de Plínio Salgado. Soldado do Exército, garante que a solução para o país está nos princípios que desde a década de 1930 orientam o movimento: conservadorismo, religiosidade, amor à pátria.

"O integralismo é uma doutrina de direita, mas rejeita o capitalismo liberal", ensina Ribeiro. Os novos militantes continuam usando o símbolo do Sigma – a letra grega que identifica os integrantes do grupo. Ainda se cumprimentam usando a palavra "Anauê", que agora enfeita finais de e-mails e conversas via MSN.

Em Curitiba, o ponto de encontro do grupo fica na esquina das ruas Ubaldino de Amaral e Marechal Deodoro, no Centro. Cerca de 15 pessoas participam das reuniões, ainda que irregulares. Em outras capitais, como São Paulo, os novos integralistas já se encontram uma vez por semana.

Na sua versão século 20, os integralistas eram vistos como uma adaptação brasileira de movimentos de ultra-direita surgidos na Europa. Coisas como o fascismo de Benito Mussolini, na Itália, e o nacional-socialismo hitleriano que chegou ao poder na Alemanha. Hoje, os novos integralistas rejeitam a comparação, embora admitam que há semelhanças. "O fascismo possivelmente tivesse aspectos positivos para a Itália... mas só seriam para ela. O maior erro foi importar pensamentos equivocados dos nazistas", diz Lucas Carvalho.

Do nazismo, os integralistas dizem repudiar a violência dos métodos. "Não pregamos violência e nem o preconceito", afirma Ribeiro. No entanto, alguns integrantes da comunidade Integralismo-PR deixaram comentários que parecem contrariar a declaração. Na lista de "coisas que não suporta", um internauta enumerou "comunistas, pessoas nojentas, gays e lésbicas". Outro inclui mais duas categorias "insuportáveis": judeus e ciganos.

Ribeiro diz que há uma explicação para as opiniões de seus correligionários. Em relação ao homossexualismo, haveria um problema de fundo religioso. Como são católicos, os integralistas condenam as atitudes que a Igreja considera imorais. E os judeus? "Eles é que nos rejeitam. Quem sofre o preconceito muitas das vezes somos nós", diz o soldado. Mas garante que o grupo jamais pregaria a violência contra qualquer pessoa.

Com os negros, a coisa é diferente. Ao lado dos índios e dos portugueses, os africanos são considerados pelos integralistas como uma das etnias fundadoras da pátria e por isso são sempre respeitados.

O "militarismo" é um dos preceitos fundamentais dos integralistas. Mas o que isso quer dizer na prática? "Nós apoiamos, por exemplo, a revolução de 1964", diz Ribeiro, que se nega a usar a palavra "golpe" para definir a tomada do poder pelos militares. Até mesmo os temíveis Atos Institucionais são relevados. E nem mesmo a tortura, o assassinato e o desaparecimento de presos políticos são um problema? Nem isso. Os seguidores de Plínio Salgado dizem que a reação do governo ao que eles consideram excessos da esquerda até mesmo demorou.

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