Os integrantes do grupo que invadiu e ocupou o prédio da Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), na tarde de segunda-feira (31), divulgaram seis reivindicações que querem ver atendidas para que desocupem o espaço. O primeiro deles é para que seja mantido o processo de negociação com a direção da instituição, mantendo um encontro com a direção na quarta-feira (2). Até o final da tarde deste dia, a ocupação deve ser mantida. Segundo os manifestantes, cerca de 150 pessoas participam do ato.
Segundo Letícia Duarte, integrante da comissão de comunicação do movimento, outro ponto é a suspensão do calendário letivo da universidade. “Entendemos que como há greve dos técnicos, dos professores e dos alunos, não é viável a manutenção do calendário”, disse. Para isso, teria que ser convocada uma reunião extraordinária do Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (Cepe). No entanto, na segunda-feira a UFPR havia informado que o calendário seria mantido.
O terceiro ponto diz respeito a não criminalização dos grevistas. “A Reitoria tende a criminalizar qualquer mobilização estudantil. Com isso, reivindicamos o abono das faltas”, disse ela. A solicitação vale para cursos em que não houve adesão dos professores à greve. O grupo também exige (quarto ponto) uma melhora na assistência estudantil, como auxílio-moradia, auxílio-permanência, auxílio-creche, auxílio-alimentação e a casa estudantil.
“Houve o corte de 56 bolsas de pesquisa. Não queremos que ocorram cortes e atrasos nos pagamentos das bolsas”, pediu a porta-voz da mobilização. O quinto ponto pede a devolução do prédio do Diretório Central dos Estudantes (DCE). “A promessa era de que o prédio seria reformado e em um mês seria devolvido para servir de sede do DCE e até agora nada”, disse ela. O sexto ponto exige que todas as promessas e acordos feitos verbalmente com a Reitoria sejam firmados por escrito. Isso porque, segundo ela, muitas promessas não foram cumpridas nos últimos anos. “Queremos uma garantia de que os acordos serão cumpridos”, afirmou Letícia Duarte.
Parte dessas reivindicações foram postadas também em um perfil de Facebook criado especificamente para a greve dos estudantes. Em uma postagem feita por volta das 2h30 da madrugada de terça-feira (1º), eles atribuem a invasão do prédio a uma “intransigência” da direção da instituição durante as negociações com os estudantes, acusando que houve “falso diálogo” e “ameaças”.
Esta terça-feira começou de forma tranquila em frente ao ocupado prédio da UFPR. A movimentação é fraca no local, com pouca presença de funcionários da universidade. Um dos que apareceu hoje é Fábio Pfaffenzeller, que trabalha no setor financeiro da instituição. Ele foi até o local e contou que não houve maiores transtornos no momento da invasão, sendo apenas que os trabalhadores foram orientados a se retirar pois havia um grupo de manifestantes ocupando o prédio. “Teve um momento de apreensão quando alguns vidros quebraram, mas de resto foi tranquilo”, disse.
Segundo a UFPR, o único ferido durante o momento da ocupação foi um funcionário terceirizado que faz a segurança patrimonial da universidade. Ele tentou impedir a entrada dos estudantes pela porta principal do prédio, mas sofreu uma luxação em um dos braços e um pequeno ferimento ao lado do olho esquerdo. Porém, o funcionário passa bem.
Há movimento de entrada e saída de integrantes do grupo que invadiu o local. No interior do espaço é possível ouvir algumas pessoas batucando. As janelas do prédio foram todas cobertas pelos integrantes da ocupação.