"Quando se fala em elite no Brasil as pessoas já ficam incomodadas", percebe o escritor e professor Belmiro Valverde, que já foi secretário estadual de Educação e hoje escreve e leciona na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e na FAE Business School. Apesar do incômodo, Belmiro não tem receio de constatar: a universidade é coisa de elite. "Naturalmente é assim. Não dá para imaginar que todo mundo vai entrar no terceiro grau. Não é assim", explica. Segundo ele, no entanto, a grande questão é que esses privilegiados precisam constituir a elite intelectual do país. "Não é uma questão de nobiliarquia, mas de mérito."
Para Valverde, o Brasil tenta construir uma elite do saber mas erra ao adotar fórmulas compensatórias e paliativas. "Não é com cotas disso ou daquilo que se corrigem as desigualdades."
O professor entende que é necessário um investimento maciço em educação infantil, fundamental e média. "Não tem como fugir dessa fórmula. Criança tem de ficar sete horas na escola e passar 13 anos em média na sala de aula. Aí vamos estar criando uma elite pronta para entrar na universidade."
O presidente do IEP, Luiz Cláudio Mehl, tem visão semelhante. Seu discurso de abertura, inclusive, irá debater o termo elite. "A mãe do migrante pobre nordestino quer mostrar aos filhos a importância dos ensinamentos da escola. Ela quer que o seu filho adentre no mundo da elite", opina.
Para Mehl, é exatamente esta elite, composta de engenheiros, jornalistas, advogados, filósofos, entre outras profissões, que precisa assumir suas responsabilidade com o país, gerando idéias, planos e projetos. "Se isso não acontecer os valores se perdem porque o conjunto do que o país tem de melhor se exime", pondera.
