O número de internações hospitalares após acidentes com motos cresceu 115% nos últimos seis anos. Esse número já representa metade do total de internações por acidente de trânsito no país, segundo dados do Ministério da Saúde.
Em 2013, de 171 mil internações, cerca de 89 mil ocorreram após acidentes com motos. Em dez anos, a frota de motos cresceu 241,7% – no Norte e Nordeste, as motos são quase metade da frota de veículos.
A disparada de internações de motociclistas voltou a acender um alerta no Ministério da Saúde, que agora elabora um novo projeto para conter o problema – e também para diminuir os gastos na saúde: em seis anos, houve aumento de 118% nos custos com internações no SUS. Só em 2013, foram gastos R$ 231 milhões com internações por esse motivo.
Segundo o ministro Arthur Chioro, o impacto, porém, pode ser ainda maiores se somados os gastos na saúde privada, previdência, afastamento do trabalho e outros motivos. “Há estudos que mostram que no Brasil o impacto por ano bate em R$ 28 bilhões o que perdemos com acidentes de trânsito”, afirma.
Entre os pontos em estudo para reduzir esse quantitativo, está maior rigor nas fiscalizações, o que inclui “jogo duro na lei seca”, e possíveis mudanças na legislação, como a obrigatoriedade de apresentar habilitação específica na hora de comprar uma moto.
O governo também avalia medidas como financiamento na compra de equipamentos de proteção, como capacetes, ações de educação no trânsito e possibilidade de adoção de uma faixa de recuo entre motos e carros. Estados, municípios e ministérios devem participar da elaboração das novas ações.
De acordo com dados da Vigitel, pesquisa que monitora fatores de risco à saúde, 1/4 dos adultos admitem dirigir sob efeito de álcool.
Pelo país
Os dados foram apresentados na Assembleia Mundial de Saúde, que ocorre em Genebra, na Suíça. Hoje, o Brasil ocupa o 5.º lugar no mundo em mortes devido a acidentes de trânsito.
Um outro mapeamento elaborado pelo ministério mostra como o problema afeta as diferentes regiões do país. Dados preliminares de 2013, os últimos disponíveis, apontam que o Brasil registrou 11.992 mortes de motociclistas. Em 2012, foram 12.544, segundo os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade, do governo federal.
Os dados do último ano, no entanto, ainda devem crescer conforme forem contabilizados. Em dez anos, no entanto, o crescimento foi de 179% – em 2003, eram 4.292 mortes. Já o total de mortes por acidentes de trânsito cresceu 46% – foram 42 mil mortes em 2013. Neste caso, diferente dos acidentes com motos, porém, os dados já indicam uma redução nos últimos anos.
Para Chioro, os números configuram um “excesso” e uma “epidemia”, “além de ser uma tendência dos países em desenvolvimento”. “Vemos uma redução relativa no numero de acidentes por atropelamento e de carros, mas uma ampliação considerável por acidentes com motos”, afirma.
Ao todo, 180 cidades concentram cerca de metade das mortes por esse tipo de acidente no país. Piauí é o Estado que apresenta a maior taxa de mortalidade por esse motivo: 21,1 óbitos a cada 100 mil habitantes.
Em seguida, estão Roraima e Sergipe, ambos com cerca de 17,5 mortes a cada 100 mil habitantes. No Brasil, a taxa de mortalidade por acidentes com motociclistas é de 6,3 – um aumento de 194,5% em dez anos. O aumento no número de feridos em acidentes com motos também preocupa associações médicas.
Além das sequelas frequentes, a estimativa é que mais da metade dos acidentados necessite de atendimento cirúrgico, segundo a SBTO (Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico).
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