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Trânsito

Internet é aliada à prática da carona solidária

A administradora Eveline Pires Gaion se cadastrou em um site para dividir as despesas em viagem para Londrina | Hedeson Alves/ Gazeta do Povo
A administradora Eveline Pires Gaion se cadastrou em um site para dividir as despesas em viagem para Londrina (Foto: Hedeson Alves/ Gazeta do Povo)

A cena se repete todos os dias: uma passada de olhos pelo interior dos veículos no engarrafamento das seis da tarde mostra que a maioria dos motoristas curitibanos está só. Literalmente. São raros os veículos onde é possível ver alguém no banco do carona e, mais raro ainda, alguém também no banco de trás.

Para afastar tal solidão, a internet pode ser uma aliada – não se está falando aqui dos mecanismos on-line que ajudam na procura por um companheiro, mas dos sites que incentivam a carona solidária e ajudam pessoas a oferecer ou receber carona.

Hoje, há pelo menos uma dezena deles registrados no país com es­­se fim, a maioria gratuita. Reú­nem desde pessoas que querem mi­­­­nimizar o impacto do carro no meio ambiente até os que desejam acima de tudo economizar com combustível e manutenção. O maior empecilho, no entanto, é torná-los seguros e, ao mesmo tempo, ampliar sua divulgação entre quem está disposto a usar o serviço.

Fatores diversos

Hábito na Europa, onde os sites já estão se profissionalizando, a carona solidária com a ajuda da internet ainda não ganhou o Brasil. Como explica o professor do curso de Engenharia da Produção da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Ricardo Mendes Júnior, a distribuição das empresas e serviços dentro de uma cidade tem impacto na escolha pela carona solidária.

De acordo com o professor, que coordena um projeto nessa área dentro da UFPR, diferentemente da Europa, onde a indústria se concentra em pequenas cidades ao redor das grandes, no Brasil as distâncias até o trabalho são menores, o que faz as pessoas se preocuparem menos em buscar formas alternativas de deslocamento que gerem menos custos.

"Lá, as pessoas passam anos com o mesmo carro, logo, se preocupam mais com a manutenção. O combustível também é mais caro e a desconfiança em pegar ou oferecer carona a pessoas estranhas é maior aqui do que lá fora." Outro possível fator, mais ligado aos jovens brasileiros, se deve ao fato de que muitos ganham o carro logo que entram na universidade, e, como as despesas do veículo são pagas pelos pais, a necessidade de dividi-las com alguém é menos premente.

Conscientização

A maior divulgação, junto à conscientização da população, é um grande desafio para quem está engajado com a prática. Hoje, se as pessoas usam pouco os sites – gratuitos – que oferecem o serviço, é porque até mesmo a carona entre pessoas conhecidas não é estimulada. Ambiente por excelência para a divulgação de tais campanhas, as empresas, grandes geradoras de trânsito, pouco têm feito nesse sentido.

"A prática ainda é pouco conhecida e incentivada, embora tenha melhorado muito nos últimos anos. Algumas empresas já têm nos procurado para fazer palestras sobre o tema, mas ainda são poucas interessadas e não há notícia de que alguma tenha um sistema próprio para isso", diz o técnico da UFPR José Carlos Belotto, coordenador do projeto CicloVida, que tem projetos voltados para o uso da bicicleta e da carona solidária.

Atualmente, o projeto busca incentivar essas ações dentro de empresas públicas e, com a finalização de um software desenvolvido para facilitar o cadastro dos caroneiros, ajudar empresários a implantar um sistema parecido entre seus colaboradores. "Preten­demos, em breve, firmar termos de cooperação com empresas porque essa reflexão precisa chegar a mais pessoas", conclui Belotto.

Interatividade

Como a carona solidária poderia ser mais praticada? Quais seus maiores benefícios?

As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

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