O presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), Hélcio Bertolozzi Soares, endossa a interrupção de tratamentos que prolonguem a vida de pacientes, desde que essa seja irreversível e comprovada pela perda das funções neurológicas, o que também é chamado de morte encefálica. Para ele, o dever da medicina neste momento é garantir conforto ao doente e à família. "Mas não prolongando [a vida] como se fosse uma obstinação terapêutica. Senão eu estaria apenas prolongando a condição de sofrimento desse cidadão", analisa Soares.
Bertolozzi conta que existem casos em que o paciente está inclusive consciente, mas não deseja mais viver sob determinadas condições. "Mas a evolução da medicina é extremamente dinâmica. Pode ser que a qualquer momento surja uma solução para esse problema, e aí nós vamos ficar com a consciência de que acabamos com a vida do paciente", exemplifica o presidente.
Após presenciar o falecimento do pai numa UTI, Soares também levanta a questão de que, sendo ainda uma etapa da vida, a morte também deve ser digna. "Eu me pergunto, como médico, como permiti que o meu pai, numa situação dessas, pudesse ficar o tempo todo sozinho numa UTI", relata. Quando não há mais o que fazer para evitar o fim, o presidente do CRM defende que o lugar do paciente seja ao lado da família, mesmo que dentro do hospital.