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| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

A recente investigação sobre o “recall” em 11,2 mil coletes balísticos das forças policiais do Paraná aqueceu o debate em relação à capacidade dos equipamentos de proteger os agentes. Os produtos são divididos em seis níveis de proteção, que variam de acordo com a velocidade e tipo de projétil que são capazes de resistir. Com a ampliação do “poder de fogo” dos criminosos, entidades policiais tem defendido a adoção de coletes capazes de parar calibres mais pesados.

PM vai passar a comprar coletes III-A

Cerca de 80% dos coletes adquiridos pela Polícia Militar (PM) do Paraná nos últimos anos estão enquadrados no nível II-A. A corporação, no entanto, disse, por meio de nota, que vai passar a comprar coletes do nível de proteção III-A.

Em sua justificativa, a PM disse que “há pouco tempo, a tecnologia de fabricação deste material tornou-o mais leve e mais confortável ao uso ordinário dos policiais que trabalham por longo período”. A instituição apontou ainda que busca a “eficiência balística dento daquilo que compreende potencial de confronto bélico para proteção do militar, em relação ao que ele vai enfrentar na rua”.

Na Polícia Civil, dos quase 4,3 mil coletes balísticos, 575 são do nível III-A e 3719 são enquadrados como II-A. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (SESP) informou que das licitações para compra deste tipo de material estão em andamento (4 mil coletes para a PM e 1,5, para a Civil). Entre os equipamentos a serem adquiridos, estão coletes III-A.

O principal tipo de colete usado pelas polícias do Paraná é do nível II-A (veja a tabela). O equipamento é capaz de resistir a disparos de armas como pistolas 9 milímetros e Magnum .357, de baixa velocidade. Algumas unidades de elite – como o Cope, Denarc e Grupo Tigre, da Polícia Civil; e o Bope e COE, da Polícia Militar – utilizam coletes do nível III-A, que são resistentes até a disparos de Magnum .44, a velocidades bem mais elevadas.

Por isso, entidades policiais, que nos bastidores já defendiam a adoção dos coletes mais resistentes, vão propor a extensão do uso do nível III-A a todos os agentes que participam de atividades em rua. Os grupos de classe também vão pleitear a adoção do material de nível IV – capazes de parar tiros de fuzil de blindagem – para os policiais de elite.

“O ideal seria que a polícia usasse, no mínimo, coletes do nível III-A, que garantiria proteção em caso de confronto em que os bandidos estivessem usando qualquer tipo de pistola”, disse o presidente da Associação dos Delegados do Paraná (Adepol), João Ricardo Noronha. “Foi-se o tempo em que os bandidos vinham com [revólver calibre] 38. É de .357 pra cima”, afirmou.

Já a Associação dos Praças do Paraná (Apra-PR) entende que, enquanto o poder de fogo dos bandidos aumentou, o nível de proteção dos policiais se manteve no mesmo patamar. O presidente da entidade, Orélio Fontana Neto, menciona a alta nos índices de crimes contra o patrimônio, modalidades em que, via de regra, os bandidos usam armas de calibre considerados “mais pesados”.

“O uso dos [coletes] III-A seria um grande passo, que representaria maior proteção aos policiais, principalmente porque os bandidos têm um poder de fogo muito elevado”, resumiu.

Ressalvas

O ex-secretário Nacional de Segurança, coronel José Vicente da Silva, vê com ressalvas o salto para um nível superior de proteção. Ele aponta que as polícias precisam fazer estudos técnicos, antes de definir uma eventual mudança. Isso porque os coletes de gradação maior tendem a ser mais pesados, o que pode impactar na mobilidade do agente.

“O colete precisa garantir uma proteção razoável, mas não pode ter um peso que se torne um transtorno ao policial. Isso precisa ser bem avaliado”, disse.

Para ele, o Paraná deveria, antes de se preocupar em aumentar o patamar de segurança dos coletes, deveria resolver os problemas dos equipamentos vencidos e elucidar as suspeitas de irregularidades no “recall” do equipamento.

“Tem que ter colete em dia pra todo mundo. Se não tem, não adianta ficar inventando moda. A preocupação tem que ser a proteção básica”, avaliou.

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