Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Não era bem assim

Ipea admite erro e diz que 26%, e não 65%, acham que roupa justifica ataque

“Tentaram me desqualificar e desqualificar o resultado da pesquisa de todas as formas. Já falaram até que eu tinha sido contratada pelo Ipea para divulgar a pesquisa e que estava de conchavo com a Dilma.” |
“Tentaram me desqualificar e desqualificar o resultado da pesquisa de todas as formas. Já falaram até que eu tinha sido contratada pelo Ipea para divulgar a pesquisa e que estava de conchavo com a Dilma.” (Foto: )

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta sexta-feira (4) uma nota admitindo que errou na divulgação dos dados de pesquisa sobre "Tolerância social à violência contra as mulheres".

A pesquisa, divulgada em 27 de março de 2014, chocou o país ao indicar que 65% de 3.812 entrevistados dizia concordar com a frase "Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas". Na verdade, do total de entrevistados, 26% deram essa resposta, um pouco mais de um quarto dos entrevistados.

De acordo com o Instituto, o equívoco foi causado por uma troca de gráficos. "Com a inversão de resultados entre as duas questões, relatamos equivocadamente, na semana passada, resultados extremos para a concordância com a segunda frase [Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas], que, justamente por seu valor inesperado, recebeu maior destaque nos meios de comunicação e motivou amplas manifestações e debates na sociedade ao longo dos últimos dias".

Outras questões cujos resultados foram veiculados erroneamente foram as relacionadas às frases "O que acontece com o casal em casa não interessa aos outros" e "Em briga de marido e mulher, não se mete a colher". No caso da primeira frase, de acordo com o Instituto, "13,1% dos entrevistados discordaram totalmente, 5,9% discordaram parcialmente, 1,9% ficou neutro (não concordou nem discordou), 31,5% concordaram parcialmente e 47,2% concordaram totalmente". Já sobre a segunda frase, "11,1% discordaram totalmente, 5,3% discordaram parcialmente, 1,4% ficaram neutros, 23,5% concordaram parcialmente e 58,4% concordaram totalmente".

O Ipea, entretanto, fez questão de enfatizar que "os demais resultados se mantêm, como a concordância de 58,5% dos entrevistados com a ideia de que se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros".

Repercussão

O diretor da área social do Ipea pediu a sua exoneração assim que o erro foi detectado.

A pesquisa, com os dados errados, gerou enorme repercussão e uma campanha em redes sociais com o lema #eunãomereçoserestuprada. Em outra manifestação contra o resultado da pesquisa do Ipea da semana passada, a jornalista Nana Queiroz publicou uma foto em que aparece nua da cintura para cima e com a frase "Eu não mereço ser estuprada" escrita nos braços.

A onda de indignação teve apoio até da presidente Dilma Rousseff (PT).

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.