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Para o doutor em Engenharia Elétrica e professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), José Antônio Jardini, diz que, até o momento, não houve por parte dos órgãos de governo uma explicação convincente sobre as causas do apagão. "Até agora nada.

O pessoal da área tem de ser técnico, não pode ser político", explica o engenheiro, que é especialista em automação de processos elétricos. Por outro lado, segundo Jardini, as afirmações vindas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de que não se pode atribuir o apagão às condições climáticas na região de Itaberá (SP), são relevantes e têm embasamento. "O Inpe monitora essa incidência de raios. Tem um trabalho muito sério. Até agora ninguém mostrou nada que contrariasse a tese deles, de que o apagão não se deve à causas naturais." Por telefone, Jardini conversou com a reportagem da Gazeta do Povo.O Inpe diz que o apagão não pode ter sido causado por raios, mas o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, afirma que o mau tempo causou o problema. Quem está com a razão?

O pessoal do governo tem que ser técnico, não político. Quem está em órgãos e empresas como Furnas, Itaipu e Operador Nacional do Sistema (ONS) não pode ser Lobão, ser Dilma. Furnas tem esse monitoramento dos raios. Se foi um raio mesmo, por que não se apresentou um relatório em que esteja o horário e a intensidade dessa descarga elétrica?

A queda no sistema poderia ser atribuída a um raio?

É preciso um raio de 100 quiloampères (Ka) para isso. Os estudos mostram que raios dessa intensidade correspondem a 1,2% do total que cai no país. Temos possibilidade de desligamento. Ocorre um desligamento a cada 100 quilômetros/ano. Vamos supor que esse raio desligou um sistema. Mas por que três sistemas caíram? Não dá para um mesmo raio cair em três lugares diferentes.

O que se espera de resposta?

Está para sair um relatório do ONS. Tem de ser respondido qual a origem do curto-circuito que provocou o apagão, por que as outras linhas foram prejudicadas e se houve falha no sistema de proteção.

Colaborou Guilherme Voitch

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