O delegado Maurício Luciano de Almeida afirmou neste sábado (8) que o tatuador Fábio Raposo Barbosa, 22, foi indiciado sob suspeita pelo crime de explosão e tentativa de homicídio contra o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, durante manifestação no centro do Rio de Janeiro na quinta-feira.
Barbosa se apresentou espontaneamente na 16ª DP (Barra da Tijuca) durante a madrugada e disse ter sido ele a pessoa que entregou o rojão ao rapaz ainda não identificado, que acionou o artefato e atingiu Andrade. O cinegrafista permanece em coma induzido no hospital municipal Souza Aguiar, no centro. Seu estado é considerado muito grave.
De acordo com o delegado, o tatuador foi indiciado sob suspeita pelos crimes porque contribuiu para que eles acontecessem ao passar o rojão a outro rapaz.
O tatuador disse, em entrevista à TV Globonews, que não era dono do rojão e não conhecia o homem que o detonou em direção ao cinegrafista. Ele diz que encontrou o artefato no chão e o outro rapaz lhe pediu.
"O artefato não era meu. Logo que eu cheguei, houve um corre-corre. Fui ver o que tinha acontecido. Nesse corre-corre, vi um que um rapaz correndo deixou uma bomba cair. Eu peguei e fiquei com aquilo na mão. Esse outro cara passou e disse: "Passa aí para mim que eu vou e jogo". Daí eu peguei e passei para ele. Não tive a intenção de machucar nenhum repórter", disse o tatuadorO delegado disse ainda considerar a informação de que Barbosa não conhecia o outro suspeito "inverossímil".
"Ele preparou uma versão com o advogado para se eximir de responsabilidade. Mas estava gaguejando, nervoso. As imagens mostram ele lado a lado com o outro", afirmou Almeida. O delegado disse que ainda analisa se pedirá a prisão temporária do jovem ou não.
Nas imagens feitas pela TV Brasil, Raposo usava camiseta cinza e bermuda preta. Ele passou o rojão a outro rapaz, também de camisa cinza, mas com uma calça jeans. Ambos estavam com o rosto encoberto: o tatuado com uma máscara antigas e o outro com um pano preto.
À polícia, o tatuador disse que não participa de nenhum grupo político. Almeida, porém, afirmou que ele é "contumaz nas manifestações, na desordem durante as manifestações". Segundo o delegado, o suspeito tem duas passagens pela polícia por ameaça e dano ao patrimônio. Ambas ocorridas durante protestos em outubro e novembro.
"Ele nega a participação nesses grupos. Mas ele é investigado em inquérito por associação criminosa por conta de crimes durante as manifestações", disse o delegado.
Raposo afirmou que participa de protestos, mas que não tem como objetivo agredir policiais ou membros da imprensa. "Não vou para manifestações para quebrar coisas, bater em policial, jogar pedra, essas coisas".
O tatuador apagou seu perfil no Facebook antes de se apresentar à polícia. O delegado disse que solicitará apoio da DRCI (Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática) para analisar os dados da página.
Segundo a reportagem apurou, Raposo foi orientado por "black blocs" a se apresentar porque consideravam que ele não seria responsabilizado pelo crime. Ele também temia ser reconhecido pelas tatuagens e decidiu ir à delegacia espontaneamente. "Já recebi ligações pedindo para eu assumir o caso e falar que fui eu. Não fui eu mesmo. Eu quero o bem do repórter", disse ele.
A polícia ainda vai analisar imagens das emissoras de TV, do CML (Comando Militar do Leste), da CET-Rio e da Supervia, concessionária do transporte ferroviário. A manifestação ocorreu na Central do Brasil, próximo à sede desses órgãos.
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