Em nota, governo de SP se desculpa por informação errada sobre morte de garota
O governo do estado de São Paulo enviou à redação do G1 uma nota sobre o fim do seqüestro de duas adolescentes em Santo André. O e-mail foi recebido às 20h33 desta sexta-feira (17).
Após o fim do seqüestro, a assessoria do governo chegou a anunciar que uma das reféns estava morta e depois voltou atrás.
A equipe médica que atende a jovem de 15 anos baleada após ser mantida refém por mais de 100 horas pelo ex-namorado em Santo André, no ABC, extraiu uma bala da virilha esquerda da menina. Ela foi atingida por dois disparos e está em estado gravíssimo, internada no Centro Hospitalar do município. Por volta das 20h20 desta sexta-feira (17), os médicos tentavam retirar a bala ainda alojada na cabeça da jovem.
A menina foi mantida refém pelo ex-namorado Lindemberg Alves, de 22 anos, dentro de um apartamento. Ele foi preso, sem ferimentos. De acordo com a diretora do hospital, Rosa Maria Pinto, a ex-namorada chegou gravemente ferida.
A cirurgia para retirada da bala da cabeça da adolescente deveria durar duas horas e o procedimento começou por volta das 19h30 desta sexta. Segundo ela, em uma escala de 0 a 10 para o risco de morte da paciente, o caso da menina é classificado como 9. Ela foi atingida no alto da cabeça, no lado direito. A diretora afirmou que ela perdeu massa encefálica.
A outra jovem mantida refém, também de 15 anos, foi atingida na boca. Ela chegou ao mesmo hospital consciente e não corria risco. De acordo com a diretora, ela passava por volta das 20h30 por uma cirurgia para retirar a bala alojada na arcada dentária. Rosa Maria acredita que a jovem tentou se defender do tiro e levou a mão ao rosto. A bala teria atravessado a mão, que apresenta ferimentos, e atingido a boca.
Disparos do seqüestrador
Um coronel da Polícia Militar informou por volta das 19h desta sexta que a ex-namorada foi atingida por dois disparos efetuados, segundo ele, pelo seqüestrador. "Ela tem um tiro na cabeça e um na virilha", disse. A polícia acredita que, pela posição de um dos tiros, ele teria acontecido antes da invasão.
O Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da Polícia Militar (PM) invadiu o apartamento. Pouco depois das 18h, enquanto era organizada uma coletiva de imprensa na região, foi ouvido um estrondo. Policiais subiram até o apartamento e uma escada foi colocada em uma das janelas, por onde entrou um policial. A primeira pessoa a deixar o local foi a amiga da ex-namorada, que saiu andando ao lado de um policial.
Logo depois, a ex-namorada do seqüestrador desceu carregada por um policial e recebeu os primeiros atendimentos de um médico ainda no local. Ela foi colocada em uma maca e levada para uma ambulância que estava estacionada junto ao prédio.
Lindemberg desceu as escadas logo depois escoltado por três policiais do Gate. Ele foi colocado em um carro da PM e rapidamente retirado do local. Às 18h25, o jovem estava no 6° Distrito Policial de Santo André.
Negociação
A ação da PM ocorreu após o promotor de Justiça Augusto Rossini chegar ao local e apresentar um documento que garantia a integridade física dos envolvidos no caso. Segundo Eduardo Lopes, advogado de Lindemberg, a presença do promotor foi uma exigência do rapaz.
O jovem e a ex-namorada estavam trancados no apartamento da família dela desde as 13h30 de segunda-feira (13), quando Lindemberg invadiu o local, inconformado com o fim do namoro. Uma outra jovem de 15 anos, amiga da ex-namorada do rapaz, e dois garotos também chegaram a ser mantidos reféns.
Os dois garotos foram liberados ainda na noite de segunda. A adolescente, que foi liberada na terça-feira (14), voltou ao local na na manhã de quinta (16) como parte da estratégia de negociação. Ela permaneceu no local até que o rapaz se entregasse.
A volta dela ao apartamento, que foi criticada por parentes, será motivo de investigação, já que o Conselho Tutelar afirma que a medida da PM fere o Estatuto da Criança e do Adolescente. A PM nega e diz que ela não foi feita refém novamente e poderia sair do local quando quisesse.
Durante todo o tempo, Lindemberg estava com duas armas e munição. Ele chegou a usar um dos revólveres e atirou de uma janela do apartamento. A polícia informou que ele fez quatro disparos em dias diferentes.
Ciúmes
De acordo com o relato de parentes e da polícia, o rapaz invadiu o apartamento no Jardim Santo André motivado por ciúmes. Um dos adolescentes que também foi feito refém disse que o homem chegou nervoso ao local. "Ele disse que ela [ex-namorada] ferrou com a vida dele, porque ele terminou, mas ela não quis voltar. Disse que ficou um mês atrás dela e que se não ficasse com ele, não iria ficar com mais ninguém."
Na tarde de quarta-feira (15), Alves afirmou, em entrevista por telefone ao SPTV, que pretendia liberar a adolescente de 15 anos, mas tinha intenção de avisar quando isso aconteceria. "Não precisa avisar. Porque eu liberei três pessoas e não aconteceu nada demais. Por que vou mudar de plano? Não vou dar hora, nem momento. Vai acontecer e pronto", disse ele, por telefone.
Alves, que se mudou da Paraíba para a capital com a família ainda pequeno, contou que tentou conversar com a jovem, mas "ela sempre virava as costas e me deixava falando", afirmou. Ele foi descrito por vizinhos do conjunto habitacional onde também mora, no Jardim Santo André, como uma pessoa ciumenta, garantiu que "não queria voltar" com a ex-namorada. "Eu tinha deixado bem claro para a família dela. Não queria voltar; só ter uma conversa e ela não aceitava".
Fim do namoro
A promotora de eventos Suellen Dafne Padiar, de 18 anos, amiga das vítimas que acompanhou de perto o drama das meninas em frente ao prédio, descreveu o jovem como uma pessoa "possessiva e ciumenta". Segundo ela, a briga, ocorrida há um mês e meio, foi motivada por ciúmes.
"Ela [a refém] adicionou um amigo da escola no Orkut e ele ficou com ciúmes", contou. Suellen afirmou que o jovem quis terminar o relacionamento, como sempre fazia depois das discussões. "Ele sempre terminava, brigava por nada", disse.
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