O juiz da 3ª Vara Federal de Montes Claros (MG), Marco Fratezzi Gonçalves, decretou na sexta-feira (11) a prisão preventiva de três dos principais suspeitos de participação no esquema de fraude do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no Estado. O magistrado atendeu a um pedido da Polícia Federal, que investiga novos desdobramentos da Operação Embuste, deflagrada no último dia 6, e que prendeu 11 pessoas, entre eles Rodrigo Ferreira Viana, Jonathan Galdino dos Santos e Arnon Kelson da Silva e Santos, considerados líderes do esquema.
Segundo a PF, há indícios de que os fraudadores tiveram acesso antecipado às provas e transmitiam o gabarito por ponto eletrônico para candidatos que faziam o Enem. Eles tiveram índice de acerto de 92% das questões na área de Ciências Naturais, que têm mais peso para o curso de Medicina. A PF informou nesta segunda-feira, 14, que as investigações ainda prosseguem. Com a preventiva, os suspeitos não têm prazo para deixarem o Presídio Alvorada, em Montes Claros, onde estão presos.
- Polícia Federal aponta novo vazamento de gabarito do Enem; respostas eram vendidas por até R$ 50 mil
- Ocupações no Paraná deixam conta de pelo menos R$ 5,8 milhões
- MP do Ensino Médio deve ser votada até março no Congresso, diz relator
- Justiça do Ceará nega pedido do MPF para anular Redação do Enem 2016
O juiz liberou Aurimar Rodrigues Froes, também preso na operação, mas ele não pode deixar a cidade. Os quatro, além de Jonathas Caires Silva, já tiveram cerca de R$ 500 mil bloqueados em suas contas pelo mesmo juiz.
Ainda conforme a PF, o monitoramento de Rodrigo Viana, autorizado pela Justiça, revelou evidências de que houve vazamento do gabarito do Enem. As escutas telefônicas mostraram que os fraudadores conheciam o conteúdo das provas antes do início do exame.
Outros três suspeitos foram detidos, um deles fazendo a prova por outro candidato, os outros flagrados quando recebiam o resultado da prova pelo ponto eletrônico. O esquema cobrava de R$ 70 mil a R$ 180 mil para aprovar candidatos ao curso de Medicina.
Até surgirem evidências de vazamento, a PF considerava que o esquema se valia de pessoas especializadas nas áreas de conhecimento que se passavam por candidatos e, depois de fazerem as provas, saiam do recinto para passar o gabarito. O grupo usava meios eletrônicos para difundir o gabarito aos que ainda faziam as provas. Rodrigo comandava o esquema em Montes Claros, enquanto Aurimar Froes fazia a captação dos interessados e Jonathan ficava incumbido de repassar o gabarito.
O inquérito da PF faz menção ao caso da estudante de enfermagem Késia Rayane Pimenta, que precisou extrair um seio após contrair câncer de mama, e teve o aparelho eletrônico instalado no lugar da prótese. Flagrada, ele teve a prisão relaxada por conta de sua saúde.