O julgamento de Beatriz Cordeiro Abagge está previsto para começar nesta sexta-feira (27), às 9 horas, no Tribunal do Júri, no Centro Cívico, em Curitiba. Ela e outras seis pessoas foram acusadas de ter matado Evandro Ramos Caetano, de 6 anos. O crime ocorreu em 1992, em Guaratuba, no litoral do Paraná.
A data foi mantida depois que o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) negou, em 19 de maio, o pedido feito pela defesa de Beatriz para invalidar provas que apuram a morte do menino Evandro Ramos Caetano. A decisão foi do desembargador Telmo Cherem, da 1ª Câmara Criminal do TJ-PR. A defesa de Beatriz pretendia reformar a decisão do juiz Daniel Avelar, que rejeitou pedido de declaração de ilicitude das confissões dos réus no processo. O Tribunal decidiu não acatar a argumentação da ré.
O advogado de Beatriz alegava que o processo contra sua cliente se embasa exclusivamente em uma confissão. Segundo ele, a confissão teria sido obtida mediante tortura. O MP-PR sustenta que Beatriz e a mãe, Celina Cordeiro Abagge, são responsáveis pela morte do menino. As acusadas já foram julgadas em 1999, mas esse julgamento foi revogado.
Segundo o Ministério Público do Paraná (MP-PR), o veredicto emitido na época era de que o corpo encontrado desfigurado em um matagal, em Guaratuba, em 11 de abril de 1992, não era de Evandro. O Ministério Público recorreu e pediu um novo julgamento alegando que a perícia da arcada dentária e o laudo de DNA comprovaram que o corpo era do menino. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, então, que Beatriz deveria ser submetida a novo julgamento. Por causa da idade, Celina Abagge, de 70 anos, não será julgada.
Data do julgamento
Essa foi a terceira data definida para o julgamento. Inicialmente havia sido marcado para ocorrer em novembro de 2010 e depois em abril deste ano. Nas duas ocasiões o motivo do adiamento foi a troca do advogado de defesa.
A sessão deve ser suspensa pelo juiz se passar das 20 horas de sexta-feira, de acordo com o MP-PR. O julgamento será retomado no sábado (28). Nesse intervalo os jurados devem ficar incomunicáveis e serão encaminhados para um hotel.
Outros julgamentos
Evandro teria sido morto em um ritual de magia negra. O pai de santo Osvaldo Marceneiro e o pintor Vicente Paulo Ferreira foram sentenciados a 20 anos e dois meses de reclusão cada, em 2004, por homicídio triplamente qualificado e sequestro, mas recorrem da decisão. O artesão Davi dos Santos foi condenado apenas por homicídio, também em 2004. Ele deveria ficar detido por 18 anos, mas cumpre pena em liberdade. O serralheiro Airton Bardelli dos Santos e Francisco Sérgio Cristofollini foram absolvidos pelo júri.
Celina Abagge, mãe de Beatriz Abagge, não será julgada porque tem mais de 70 anos.
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