Pela quinta vez somente neste ano, o julgamento de Guilherme Navarro Lins de Souza foi adiado. Ele é acusado de ser o mentor e mandante do assassinato de Paulo Gustavo de Freitas Turkiewicz, herdeiro da extinta rede de lojas Disapel.
Os envolvidos no júri popular apresentaram-se na sede do Tribunal do Júri durante a manhã desta sexta-feira (19), como estava previsto. No entanto, a Justiça determinou o adiamento do julgamento, depois que o Ministério Público (MP) e a assistência de acusação contestaram o fato de que um dos advogados de defesa de Souza já havia atuado como defensor de outro réu do caso, Sebastião Cândido Gouveia, absolvido em júri realizado no mês de setembro.
A promotoria do Ministério Público (MP) ressaltou que a alegação foi feita porque havia o risco do júri ser considerado nulo posteriormente. Um novo julgamento foi remarcado para o próximo dia 10 de dezembro. Segundo a acusação, no julgamento de Gouveia, o advogado acusava o atual réu.
"Acreditamos que eles fizeram de propósito. Essa situação não é fácil, porque, em dia de júri você é obrigado a relembrar toda a história. Mas apesar de tudo, vamos continuar buscando justiça", afirma a irmã da vítima, Ana Cristina Turkiewicz.
Os advogados de defesa, Henrique Cardoso dos Santos e Gustavo Milani, negam qualquer manobra para retardar o julgamento e ressaltam que o adiamento foi decidido depois de uma alegação da promotoria. "Estávamos preparados para a sessão. O adiamento surpreendeu a defesa, porque o intuito não era esse", disse Santos.
Por e-mail, Milani destacou que no julgamento de Gouveia, a defesa alegou que o réu era inocente e não fez qualquer menção de culpa a Lins de Souza. Na avaliação do advogado, o juiz optou por adiar o julgamento porque não tinha condições de, naquele instante, averiguar as suspeitas levantadas pela promotoria.
Crime
Turkiewcz foi morto com três tiros na cabeça e um no tórax em abril de 2003, no estacionamento de uma academia de tênis localizada no bairro Santa Felicidade. Na época do assassinato, ele tinha 31 anos.
Segundo denúncia do MP, Guilherme Navarro teria encomendado a morte do herdeiro da Disapel, por meio de um pagamento de R$ 25 mil. O objetivo seria acobertar um desvio de dinheiro feito para contas próprias. Os recursos viriam do remanejamento do patrimônio que restava da extinta empresa, em grande parte enviado a contas no exterior.
Outra versão apresentada na época das investigações é de que Turkiewicz, responsável pela massa falida das Lojas Disapel, teria participado das aplicações feitas no exterior e teria desviado R$ 2 milhões, o que teria irritado o advogado, cúmplice da fraude. Outros acusados
Três suspeitos de participarem do assassinato já foram julgados. O primeiro foi Rogério Juliano Gonçalves, de 42 anos. Em 2008, ele foi condenado a 12 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado. No entanto, a pena dele foi aumentada para 14 anos e 8 meses depois que a família da vítima recorreu da sentença. Gonçalves confessou que levou o pistoleiro Altaídes Prestes Lemos até o local do crime.
Lemos acabou julgado e condenado no ano passado a 21 anos de prisão. Ele foi acusado de homicídio duplamente qualificado, por crime hediondo, praticado sob encomenda e sem a possibilidade de defesa da vítima. No julgamento, ele foi apontado como o autor dos disparos que mataram a vítima.
No último mês de setembro, Sebastião Cândido Gouveiafoi absolvido de culpa no assassinato. Ele era apontado como um dos agenciadores que contratou o pistoleiro para executar a vítima. No júri popular, ele foi considerado inocente por 4 votos a 3. A família de Turkiewicz está recorrendo desta decisão.
A empresa
A rede de lojas Disapel, fundada na década de 1970, teve sua falência decretada em junho de 2000, época em que contava com 81 filiais distribuídas nos três estados do Sul do país 36 no Paraná, 20 em Santa Catarina e 25 no Rio Grande do Sul. As lojas foram levadas a leilão, e adquiridas por R$ 12,1 milhões pelo Ponto Frio.