O julgamento de Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni entra em seu terceiro dia nesta quarta-feira (24) no Fórum de Santana, na Zona Norte da capital. A expectativa é que ele seja reiniciado às 9h. O júri do casal, acusado de matar a menina Isabella, deve se estender até o fim da semana.
Isso porque mais de dez pessoas ainda devem ser convocadas a depor. Preocupada, a defesa já pensa em um modo de acelerar o julgamento. "Não é bom para a defesa a demora. A defesa é a última que fala. Os jurados vão estar cansados", diz Roberto Podval. Nesta quarta, ele pode lançar mão de alguma estratégia, como tentar dispensar alguma testemunha.
Para o promotor Francisco Cembranelli, no entanto, não há atraso, e sim um esclarecimento maior aos jurados. "Essas pessoas vêm sendo criticadas por gente que não entende nada de nada. Isso ficou categoricamente provado."
Quatro testemunhas já prestaram depoimento. No primeiro dia, apenas Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabela, falou. A pedido da defesa, a bancária foi colocada à disposição da Justiça. Ela deve permanecer no fórum, incomunicável, até a realização de uma possível acareação com os réus.
Nesta terça, a delegada Renata Pontes, o médico-legista Paulo Sergio Tieppo Alves e o perito baiano Luiz Eduardo de Carvalho também responderam a perguntas do juiz, da acusação, da defesa e dos jurados. A defesa do casal Nardoni também pediu -e o juiz aceitou - que a delegada Renata Pontes fique à disposição da Justiça.
Maquetes do edifício London e do apartamento do casal acabaram sendo utilizadas. Os jurados também viram fotografias da menina após a morte.
Mais uma vez, houve emoção. A avó materna de Isabella teve de deixar a sala após ver imagens da garota.
Nesta quarta, a perita Rosângela Monteiro, do Núcleo de Crimes Contra a Pessoa, que fez o laudo sobre a cena do crime, será a primeira a ser ouvida.
Depoimentos
O primeiro dia foi marcado pelo depoimento emocionado de Ana Carolina Oliveira. Ela chorou por diversas vezes. A primeira delas foi quando se recordou do momento em que encontrou a menina de 5 anos caída na grama do edifício London.
Ana Carolina disse que Alexandre jamais conversou com ela sobre o que ocorreu no apartamento, mesmo durante o velório da menina. Durante o depoimento, a mãe contou detalhes do relacionamento com Nardoni e disse que ele era violento em algumas ocasiões, chegando, inclusive, a jogar o filho no chão uma vez.
Na terça, a primeira a depor foi a delegada Renata Pontes, que indiciou o casal. Em seu depoimento, que durou cerca de 4 horas, ela afirmou ter "100% de certeza" de que Anna e Alexandre foram os responsáveis pela morte da menina e detalhou sua atuação na noite do dia 29 de março de 2008.
Ela contou que foi ao edifício e viu Isabella caída no jardim do prédio. "Ela parecia um anjinho", afirmou a delegada.
O médico-legista Paulo Sergio Tieppo Alves foi a segunda testemunha a ser ouvida na sessão. Alves detalhou todo o processo de necropsia. Ele contestou a ideia de que houve falha na certidão de óbito, em que consta causa nao identificada de morte. De acordo com ele, a maioria dos registros expedidos pelo Instituto-Médico Legal (IML) sai com essa informação até que todos os exames estejam prontos.
O médico disse ainda que a violência ocorrida antes da queda da menina Isabella do sexto andar do edifício London foi mais determinante para a morte do que a própria queda.
O perito criminal baiano Luiz Eduardo de Carvalho Dória foi o último a ser ouvido. Arrolado pela assistência de acusação, o perito analisou manchas de sangue encontradas na cena do crime, como em lençóis no quarto de onde Isabella caiu.
Segundo ele, "existem padrões de mancha que permitem estabelecer a altura" da qual ela caiu. De acordo com ele, pela análise é possível concluir que as gotas no local do crime caíram de uma altura superior a 1,25m.
Acusados
Jatobá e Nardoni devem deixar o CDP de Pinheiros e a Penitenciária Feminina da capital, respectivamente, pela manhã, em comboio até o fórum.
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