A denúncia do Ministério Público (MP) contra três policiais pela prática de tortura a um homem com problemas mentais em Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba, foi aceita pela Justiça nesta quarta-feira (14). O caso tramita na Vara Criminal de Campina Grande do Sul e também foi determinada pela Justiça o afastamento do trio da corporação.
A informação de que a denúncia foi aceita foi divulgada pelo MP.
No entendimento da juíza Priscila Candeo Figueira, os "agentes causaram mal injusto à vítima, que teve lesões consideráveis". Ela cita ainda que após as agressões, houve tentativa de omissão de detalhes da ação ilegal na tentativa de não responderem civil ou criminalmente pelo fato. "Tentaram alterar a verdade dos fatos, produzindo álibis falsos, forjando provas e coagindo testemunhas", consta na decisão.
Os três policiais, conforme a denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), cometeram abuso de autoridade e falsidade ideológica quando agiram desta maneira com a vítima. Conforme informou o órgão que investiga o caso, o trio forjou um documento chamado de "auto de resistência", com a intenção de explicar a detenção e as lesões que causaram na vítima.
A denúncia
Conforme a denúncia, apresentada no último dia 5, familiares da vítima chamaram a polícia no último dia 12 de março porque o homem estava tendo um distúrbio psiquiátrico. Investigadores da delegacia da cidade foram até a casa onde o homem mora e teriam sido avisados de que ele precisava de cuidado especial. Apesar disso, conforme informações do MP-PR, o terreno da casa foi invadido, o homem algemado e preso, sendo levado à delegacia em um camburão.
Chegando à delegacia, o homem foi espancado por cerca de 15 minutos, de acordo com a denúncia do MP-PR. A prisão teria acontecido de manhã e ele foi liberado da delegacia à tarde, com inúmeras lesões em seu corpo. Os ferimentos foram confirmados no Hospital Evangélico, segundo o Gaeco, onde foi necessário fazer um procedimento chamado cistomia na vítima. Isso porque os rins foram machucados e o fluxo urinário do homem ficou prejudicado. Ele precisou usar sonda por pelo menos dois meses para se recuperar dos ferimentos.