A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público do Paraná sobre as mortes ocorridas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) geral do Hospital Evangélico, de Curitiba. O juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri, Daniel Ribeiro Surdi de Avelar, confirmou o recebimento e não repassou mais detalhes sobre os argumentos aceitos e os rejeitados por ele, já que o caso corre em segredo de Justiça.
Na oficialização do recebimento da denúncia pelo Tribunal, Avelar determinou a libertação de quatro das cinco pessoas presas durante a investigação. Dos oito acusados que são citados na denúncia do MP-PR, apenas a doutora Virgínia Helena Soares de Souza permanece detida, conforme informou o advogado da médica, Elias Mattar Assad.
Segundo o defensor de Virgínia, ela está detida na modalidade de prisão preventiva, diferentemente dos outros acusados - que tinham determinada a prisão temporária. Assad disse que entrou com um pedido de liberdade para a médica, mas que a decisão será proferida apenas na semana que vem.
Jefferson Heder dos Reis, advogado de defesa da enfermeira Lais da Rosa Groff, confirmou que sua cliente teve a liberdade autorizada. "O que a gente tem que entender em relação ao caso é que as pessoas têm condições de responder a esses fatos em liberdade, e a Justiça também entende dessa forma", disse.
Mortes
No documento enviado pelo MP-PR ao Tribunal do Júri, os acusados teriam abreviado a vida de pacientes com o objetivo de "girar a UTI", ou seja, de abrir novas vagas no centro médico. A denúncia atribui ao grupo de médicos e enfermeiros do Evangélico sete mortes ocorridas entre 2006 e janeiro deste ano. O MP-PR afirma que os profissionais da saúde acusados agiam como se tivessem o poder de decretar quais pacientes teriam o direito a permanecer vivos no centro médico.
Primeira a ser presa nas investigações, a médica Virgínia Helena Soares de Souza é acusada de coautoria em todas as sete mortes.
Os outros médicos denunciados são: Maria Israela Cortez Boccato; Edison Anselmo da Silva Júnior; e Anderson de Freitas. Também são acusadas as enfermeiras Patrícia Cristina de Goveia Ribeiro e Lais da Rosa Groff. De acordo com o MP-PR, cada qual a seu tempo, participou em pelo menos uma das mortes ocorridas na UTI do Evangélico.
As outras duas pessoas que foram denunciadas pelo crime de formação de quadrilha - a fisioterapeuta Carmencita Emília Minozzo e o enfermeiro Claudinei Machado Nunes - não chegaram a ser presas.