A 21ª Vara Criminal do Rio converteu na noite desta quinta-feira, 17, em prisão preventiva as detenções em flagrante de 31 dos acusados pelas depredações que aconteceram no centro da capital fluminense nesta terça-feira, 15. A decisão aconteceu após a análise dos registros de flagrante. A Justiça entendeu que há indícios consistentes de envolvimento dos acusados nos fatos relatados pela Polícia Civil.
A juíza Claudia Ribeiro determinou ainda a libertação de dois acusados. Na prisão em flagrante, o acusado pode ser solto em dez dias. A preventiva não estabelece prazos para soltura. Presos durante os protestos, três manifestantes foram libertados nesta quinta-feira. Eles estavam na Cadeia Pública Juíza Patrícia Lourival Acioli, em São Gonçalo (no Grande Rio), desde esta terça-feira. Ainda há 58 homens presos, todos em São Gonçalo, e três mulheres, que estão em Bangu, na zona oeste da capital.
Com a prisão em flagrante, o acusado pode ser solto em dez dias. A preventiva não estabelece prazos para soltura. Até as 18 horas ganharam a liberdade Gerd Augusto Castelloes Dudenhoeffer, Renato Tomaz de Aquino e Ciro Brito Oiticica. Advogados de Dudenhoeffer, Aquino e Oiticica conseguiram apresentar a documentação e comprovar residência e ocupação, o que levou a Justiça a conceder os alvarás de soltura.
Os presos afirmam não ter sofrido violência física na cadeia. Eles seguiram o trâmite comum do sistema prisional. Ingressaram, despiram-se, vestiram uniforme e tiveram os cabelos cortados rente à cabeça. A cadeia é nova, foi inaugurada em junho. Os manifestantes foram mantidos em alas separadas dos demais presos. As celas têm capacidade para seis detentos cada, com três camas de beliche e banheiro. Há relatos de que, quando chegaram às celas, o chão estava alagado por causa da chuva forte que atinge a região há dois dias.
"As instalações são boas", afirmou o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol), que visitou os manifestantes nesta quinta à tarde. Universitário da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e um dos libertados hoje, Oiticica afirmou que ainda "não caiu a ficha" da experiência vivida esta semana.
Ele disse que atua no coletivo de mídia Rio na Rua e apurava informações na escadaria em frente à sede da Câmara Municipal (Cinelândia, centro) quando a área foi cercada pela Polícia Militar (PM). Todos que estavam no local foram presos. Depois de detido, o universitário foi encaminhado para a 25ª Delegacia de Polícia, no Engenho Novo, zona norte do Rio. Segundo o relato de Oiticica, ele e os demais presos desconheciam a razão de terem sido levados à DP. Os acusados só teriam sido comunicados de que iriam para o sistema prisional às 10 horas desta quarta, cerca de 12 horas depois da detenção.
"Acho que a polícia só resolveu nos prender como bodes expiatórios, para mostrar que está fazendo alguma coisa", afirmou Oiticica. O estudante afirmou que a família ficou muito preocupada com a prisão, mas que isso não o impedirá de voltar às manifestações "com ainda mais força".
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